A complexa operação no oceano que vai devolver vida digital a Tonga

A erupção de um vulcão no Pacífico Sul rompeu o cabo responsável pela comunicação em Tonga. Agora, engenheiros correm ao oceano para consertar o problema
Comunicação Tonga
Imagem: Maxar Technologies/Reprodução

A erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga-Ha’apai, que aconteceu no dia 15 de janeiro, deixou diversas ilhas do Pacífico Sul completamente isoladas. O único cabo de comunicação submarino ligado ao arquipélago de Tonga se rompeu após a explosão.

Para a população de Tonga, isso implicou ficar totalmente incomunicável por cinco dias. Agora, parte da conexão foi restaurada via satélite, mas nem todas as ilhas do país têm acesso ao sinal. Ao mesmo tempo, as cinzas vulcânicas que ainda pairam sobre o ambiente têm interferido no sinal telefônico, impedindo que algumas pessoas recebam chamadas. 

Um navio de reparo, chamado CS Reliance, está trabalhando no conserto do cabo submarino em Tonga. O veículo, que partiu de Papua-Nova Guiné, deve ficar trabalhando pelo arquipélago durante algumas semanas.

Como destaca a agência de notícias Reuters, o cabo que conecta Fiji e Tonga possui 827 quilômetros de comprimento. Ele é apenas um dos 436 cabos submarinos ativos que conectam o globo tem mais ou menos a grossura de uma mangueira de jardim. Apesar de muito bem reforçado, está sujeito a danos causados por fatores ambientais ou mesmo intervenções humanas, como o lançamento de âncoras. 

Como funciona o conserto

O conserto do cabo é dividido em várias etapas. Em primeiro lugar, os engenheiros devem encontrar o local exato em que está a ruptura. Pense que, em situações normais, um pulso elétrico atravessa o cabo de uma ponta a outra. Quando ele está rompido, o pulso vai até certo ponto e depois retorna. Os engenheiros devem medir o tempo que leva para o pulso ir e voltar, encontrando assim o local que foi danificado.

Depois, é preciso encontrar o cabo no fundo do mar. Desastres ambientais podem fazer com que o cabo fique coberto por areia ou então tenha sua rota mudada. É preciso localizá-lo e depois puxá-lo para o navio com auxílio de um gancho. 

A bordo do navio, o cabo é emendado e reparado. Considerando que o cabo possui cerca de 10 camadas, é de se esperar que este não seja um processo fácil. Na verdade, o técnico pode levar até 16 horas para consertar apenas a fibra óptica, sem contar todas as camadas extras de proteção. Ao final, o cabo é devolvido com cautela ao fundo do mar, permitindo o restauro da comunicação em Tonga.

Tonga teve bastante azar neste episódio. Alguns países possuem vários cabos submarinos, o que evita o risco de interrupção da comunicação. Porém, ter uma infraestrutura deste nível acaba saindo caro. 

Esse único cabo em Tonga foi instalado em 2013 e custou U$ 15 milhões. O Banco Mundial e o Banco Asiático de Desenvolvimento doaram fundos para ajudar o país a superar a dependência de comunicações caras via satélite.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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