Ciência

A gravidez aumenta a idade biológica da mãe, diz estudo

Estudo sugere que alterações químicas durante a gravidez alteram idade biológica - mas a pesquisa também aponta que o processo pode ser apenas temporário
Imagem: freestocks/ Unsplash/ Reprodução

O corpo de uma pessoa muda bastante durante a gravidez, a fim de comportar o bebê e dar o necessário para ele crescer saudável. Contudo, além do aumento da barriga e dos seios, da produção de leite, formação da placenta e do cordão umbilical, outra alteração importante ocorre com as mães na gravidez: elas envelhecem biologicamente.

De acordo com uma nova pesquisa, o processo de gestar um bebê leva a mudanças na distribuição de certos marcadores químicos no DNA de uma pessoa grávida.

Os resultados do estudo foram publicados na revista Cell Metabolism e confirmam achados de trabalhos anteriores, de experimentos em ratos e pesquisas preliminares em humanos.

Além disso, o novo estudo também aponta que essas mudanças são temporárias. De acordo com a descoberta, os padrões químicos do organismo de uma pessoa voltam ao estado anterior alguns meses após ela dar à luz.

DNA envelhecido?

Durante a gravidez, alguns padrões químicos são adicionados ao DNA, em um processo chamado metilação. Em geral, os grupos de metil alteram a atividade genética sem alterar o código genético permanentemente.

Como esses processos refletem os estresses que o organismo passa a nível celular, a metilação é  com um marcador para estimar a idade biológica de uma pessoa. Em geral, cientistas analisam quantos padrões deste tipo um indivíduo acumulou ao longo do tempo.

Dessa forma, a idade biológica pode aumentar e diminuir, de maneira flexível. Por isso, é diferente da idade cronológica.

Durante o novo estudo, os pesquisadores notaram que as grávidas acumularam marcas de metilação. Depois do parto, esses padrões químicos foram normalizados – não em da mesma maneira em todos os casos.

Segundo a pesquisa, pessoas que estavam no limiar da obesidade antes da gravidez reduziram menos anos de idade biológica nos três meses após o parto do que aquelas que tinham um peso corporal classificado como “normal”.

Além disso, aquelas pessoas que amamentaram exclusivamente experimentaram uma redução maior na idade biológica do que aquelas que usaram fórmula ou uma mistura de fórmula e leite materno.

Não é preciso alarde

Para alguns pesquisadores, interpretar esses resultados é complicado. À Nature, a especialista em envelhecimento acelerado, Dena Dubai, afirmou que “estaríamos errados em assumir que a gravidez é um estado de envelhecimento acelerado”.

Ela acredita que a metilação durante a gravidez apenas condiz com as mudanças que o corpo precisa passar para gestar. Uma delas é a expressão gênica alterada.

Por isso, os pesquisadores afirmam que as pessoas não devem se preocupar com qualquer aumento da idade biológica relacionado à gravidez. Apesar das descobertas da pesquisa, os cientistas não querem que a gestação seja conceituada como um problema biológico.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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