Ciência

Acordo de Paris “fracassa” e Terra vai esquentar antes do esperado, diz estudo

Estudo coloca em xeque as metas do Acordo de Paris, que busca impedir aumento de 2ºC na temperatura média da Terra até 2100
Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

Um estudo publicado na revista Nature trouxe à tona fatos alarmantes sobre o estado atual do aquecimento global e suas possíveis implicações para o futuro. As revelações colocam em risco o cumprimento do Acordo de Paris.

A pesquisa, que analisou registros de temperatura oceânica dos últimos 300 anos, revelou que o aquecimento da era industrial começou muito antes do que se pensava, já na década de 1860.

Essa descoberta coloca em xeque as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, que tem como principal objetivo impedir que o aumento na temperatura média da Terra chegue a 2°C, em comparação ao período pré-Revolução Industrial, até 2100.

Esse patamar, no entanto já será ultrapassado em 2030, segundo o estudo. Para os cientistas, o aquecimento global já estava 1,7°C acima dos níveis pré-industriais em 2020, uma cifra 0,5 °C superior às estimativas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade da Austrália Ocidental, da Universidade Estadual de Indiana (EUA) e da Universidade de Mayagüez (Porto Rico).

Por causa desses dados, os autores dizem que “a oportunidade de limitar o aquecimento da Terra abaixo de 1,5°C pode ter passado”.

Histórico de aquecimento

Os pesquisadores identificaram três estágios principais de aquecimento global desde a era industrial. O primeiro ocorreu de meados da década de 1860 até o início de 1900, seguido por um período semelhante até o início de 1960 e, por fim, uma fase de aquecimento mais rápido desde meados da década de 1960.

Além disso, encontraram evidências de que a sensibilidade da temperatura ao aumento do CO2 atmosférico diminuiu desde meados da década de 1980. Isso possivelmente devido ao aumento nas profundidades das camadas mistas oceânicas.

Entretanto, o estudo aponta para desafios na obtenção de dados para uma compreensão completa das mudanças climáticas passadas, já que os registros de temperatura oceânica divergem em alguns pontos. Pesquisadores atribuem essas discrepâncias a diferentes métodos de medição e complicações na interpretação dos dados históricos.

Ondas de calor mais frequentes

Além disso, o estudo observou que as mudanças climáticas estão causando ondas de calor sem precedentes em várias regiões do mundo. Isso mesmo durante períodos de resfriamento global de curto prazo. No Brasil, por exemplo, os registros das chamadas ondas de calor aumentaram 642% nos últimos 60 anos no país.

É o que indica um estudo feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O levantamento estimou que o número de ondas de calor saltou de 7 para 52 em 30 anos. Os cálculos consideram todo o território brasileiro, entre os anos de 1961 e 2020.

Os dados indicam que houve aumento gradual das anomalias de ondas de calor ao longo do período analisado em praticamente todo o Brasil. Excluindo apenas a região sul, a metade sul do estado de São Paulo e o sul do Mato Grosso do Sul.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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