Água está vazando no núcleo da Terra e criando camada de cristais
A água da superfície pode penetrar profundamente a crosta da Terra e criar uma camada misteriosa de cristais no interior do planeta. A revista Nature Geoscience publicou a descoberta feita por cientistas norte-americanos.
De acordo com a pesquisa, o vazamento de água reage com o coração metálico do nosso planeta e produz grandes quantidades de cristais de sílica.
Para entender essa história é preciso voltar um pouco até a década de 1990. Foi nesta época, que os geólogos descobriram uma fina camada de cristais que envolve o núcleo externo da Terra, com cerca de 100 km de espessura e que foi criada ao longo de bilhões de anos. Essa camada de cristais foi apelidada de E-prime (ou camada E’).
Ela fica a cerca de 2.900 km abaixo da superfície do nosso planeta. Inicialmente, os cientistas pensavam que ela foi deixada para trás por um antigo magma rico em ferro. Por outro lado, teorias também diziam que o material poderia ter vazado do núcleo interno ou se formou durante a colisão da Terra com um protoplaneta que deu origem à Lua.
Vazamento de água na Terra
Porém, agora, os cientistas têm outra teoria que pode explicar esta camada curiosa. A equipe da Universidade Estadual do Arizona, nos EUA, usaram experiências de alta pressão a fim de realizar o estudo.
“Durante anos, acreditou-se que a troca de material entre o núcleo e o manto da Terra era pequena. No entanto, as nossas recentes experiências com alta pressão revelam uma história diferente. Descobrimos que quando a água atinge o limite núcleo-manto, ela reage com o silício no núcleo, formando sílica”, disse Dan Shim, um dos autores do artigo, em comunicado.
Os cientistas dizem que a água da superfície pode vazar e reagir com núcleo durante o processo de subducção, quando ocorre o afundamento de placas tectônicas.
De acordo com os pesquisadores, esta descoberta também avança a compreensão dos processos internos da Terra. Ela sugere um ciclo global da água mais extenso do que o anteriormente reconhecido.
“A ‘película’ alterada do núcleo tem implicações profundas para os ciclos geoquímicos que conectam o ciclo das águas superficiais com o núcleo metálico profundo”, completou os cientistas.