Águias monitoradas por SMS voaram tão longe que deixaram conta imensa para pesquisadores
Um grupo de pesquisa na Rússia colocou chips de celular em uma série de águias para monitorá-las. Acontece que eles ficaram sem grana depois que as águias saíram da área de cobertura da operadora escolhida e voaram para o Irã, gerando diversas mensagens de texto caríssimas. Os pesquisadores publicaram o relato do caso na rede social russa VK.
Os rastreadores colocados nas águias enviavam mensagens de texto para os pesquisadores com a localização atual. As águias voaram para o Cazaquistão em uma região sem cobertura de celular, o que acumulou uma série de mensagens não enviadas.
A equipe já esperava por isso e assumiu que as mensagens acumuladas seriam enviadas assim que as aves viajassem para uma região com sinal. E, de fato, a maioria das águias enviaram as mensagens de texto durante sua migração, passando por regiões cazaques e russas cobertas pelo plano de celular contrato pelos pesquisadores.
Porém, algumas águias foram para o Irã, que não fazia parte da área da operadora. Uma série de SMS acumulados, com dados de localização de meses, foram enviados quatro vezes por dia, cada uma custando cerca de R$ 3,09.
“?♀,” escreveram os pesquisadores na rede social.
As rotas das águias em 2019. Captura de tela: Russian Raptor Research and Conservation Network
O orçamento dos pesquisadores foi “completamente esgotado”, segundo eles. Para contornar o problema, a equipe inciou uma campanha de financiamento coletivo para recarregar os chips. Eles conseguiram arrecadar dinheiro o suficiente para o ano, de acordo com uma reportagem da AFP.
As aves eram águia-das-estepes, uma espécie de ave de rapina enorme com asas com envergadura de até 2 metros, que se reproduzem em savanas abertas, desertos e estepes da Ásia Central. Quando não estão em temporada de acasalamento, as águias ficam no sul da Ásia e na África.
Elas comem principalmente carniça e são uma espécie carismática da Ásia; até figuram na bandeira do Cazaquistão. Infelizmente, estão ameaçadas à medida que os países transformam seus habitats nativos em terras agrícolas.
As águias-das-estepes com o chip. Imagem: VK
A Russian Raptor Research and Conservation Network foi fundada em 2011 para proteger espécies russas de aves de rapina e corujas ameaçadas de extinção. As principais espécies monitoradas pelo grupo são o falcão-sacre e a águia-das-estepes, cujas áreas de ocupação diminuíram drasticamente nas últimas décadas, embora também monitorem a águia-gritadeira, águia-rabalva, águia-imperial-oriental e o bufo-real.
Parece que as empresas de telecomunicações da Ásia poderiam se unir para criar um novo plano de SMS específico para as aves.