Nada como ser visionário! Em 1984, um executivo chamado Sonny Vaccaro convenceu a Nike a assinar um contrato milionário de cinco anos com Michael Jordan, ainda um jovem estreante na NBA, mesmo tendo Larry Bird e Magic Johnson como grandes ícones. Depois, a empresa apostou pesado no jogador e criou a marca de tênis com seu apelido: o famoso “Air Jordan”.
Essa é a ideia do filme “Air: A História Por Trás do Logo”, baseado em fatos reais, com a história da parceria entre a Nike e Michael Jordan, para criação da linha de tênis Air Jordan. O longa é dirigido por Ben Affleck. É estrelado por Matt Damon, Viola Davis, Chris Tucker, Jason Bateman, Marlon Wayans, e até o próprio cineasta na pele de Phil Knight, milionário e cofundador da Nike.
A produção chega ao Brasil no dia 6 de Abri. Contudo, o Giz Brasil foi convidado pela Warner Bros. para assistir antes. Em síntese, essa é uma história da Nike. Por mais que Michael Jordan esteja envolvido, o foco é outro. Gira em torno de como a empresa especializada em tênis de corridas entrou no mundo do basquete e conquistou uma receita bilionária.
Uma história da Nike
O filme começa mostrando o comercial da empresa procurando estrelas do basquete para apostar, investir e patrocinar. Com concorrentes como Adidas, Converse e Puma, o mercado está acirrado. E aí que conhecemos Sonny Vaccaro (Matt Damon). Ao contrário dos outros funcionários, ele acredita muito no potencial de Michael Jordan, e está disposto a investir tudo — até arrisca sua carreira pela causa.
Neste cenário do mundo corporativo esportivo, o plano de fundo é uma empresa ambiciosa que está no fundo do poço comparada aos seus concorrentes. E busca a todo custo vencer nesse mercado.
Como a história se passa nos anos 1980, referências da época não faltam: fitas de videocassete, carros antigos e o telefone com fio. E, claro, a trilha sonora é composta por músicas populares da época.
A trama de “Air” mostra exatamente como é esse mercado: competitivo, exigente, e visando o lucro acima de tudo. Talvez por isso, mal vimos o rosto ou ouvimos a voz do astro Michael Jordan.
Além disso, a busca incansável de Sonny para contratar Jordan o leva aos seus pais, em particular à poderosa e dinâmica mãe, Deloris, vivida por Viola Davis. Ela desempenha um papel fundamental na negociação entre a Nike e Michael. Afinal, ele era um novato e mal tinha estreado na NBA. Ainda na Carolina do Norte, ela enxerga o potencial gigantesco do filho e não quer deixar a empresa lucrar sozinha com o nome da família.
Jordan revolucionou a indústria
Por isso, a personagem de Viola Davis exige da Nike que dê uma porcentagem das vendas de toda a linha Air Jordan para o jogador. Apenas para ilustrar rapidamente a importância deste acordo: em 2022, a marca Jordan teve um faturamento de 5,1 bilhões de dólares. Como Michael tem direito a 5% destas receitas, ele recebeu cerca de 255 milhões de dólares. Isso é mais do que o dobro do salário que ele ganhou em toda a sua carreira como jogador, ou seja, 90 milhões de dólares.
Na época em que o primeiro Air Jordan foi lançado, as previsões da Nike apontavam para a venda de cem mil pares no primeiro ano. No entanto, os calçados foram um verdadeiro “boom”: em apenas um mês venderam mais de 450 mil pares. Não é à toa que hoje, um modelo Nike Air Jordan 1 “Legends of Summer Black” está avaliado em 6.400 euros (cerca de 35,5 mil reais).
A concorrência pesada
A trama ainda apresenta o sucesso de marcas como Adidas e Converse na época, concorrentes diretas da Nike. Sobretudo, o passado dessas marcas é explorado. Até fazem piadas sobre o fundador da Adidas ser nazista, e a bagunça por não ter um único gestor para tomar decisões. Vale lembrar que na época, ambas as empresas já tinham ídolos contratados. Por isso, a Nike estava em busca do seu “garoto propaganda” para concorrer de igual para igual.
O roteiro é muito bem feito. É possível entender a história de “Air” mesmo sem ser um fã ardoroso de basquete. Matt Damon dá um show de atuação, assim como Viola Davis. A se destacar bastante a falta de uma maior presença de Michael Jordan no contexto. O que se vê muito são porta-vozes falando por ele, como o agente e a mãe. Um destaque positivo é o uso de imagens de jogos, crucial para a trama ficar completa.
Apesar de ser um filme-documentário, números ou estáticas não são apresentadas a todo momento, tornando “Air” mais dinâmico. Entretanto, a relação entre Jordan e Nike mostra como o mundo esportivo e o marketing neste setor foram revolucionários na época. Por outro lado, romantiza o mundo corporativo e o excesso de trabalho em busca de bons resultados.
Por fim, vale ir aos cinemas e tirar suas próprias conclusões. “Air: A História Por Trás do Logo” chega no Brasil dia 6 de Abril. Veja o trailer da produção.