Ciência

Amazônia perdeu 1,2 milhão de campos de futebol para o desmatamento – queda de 22%

Diminuição aconteceu no período de agosto de 2022 e julho de 2023, mas Brasil ainda está (bem) longe da meta de desmatamento zero
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

O desmatamento na parte brasileira da Amazônia caiu em pouco mais de 22% durante o último ano de registros. Os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) se referem ao período entre agosto de 2022 e julho de 2023, com queda em comparação ao intervalo anterior.

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É o nível mais baixo em cinco anos. Desde 2018, a taxa de desmatamento ultrapassou os dez mil quilômetros quadrados todos os anos. Agora, esta é a primeira vez que isso não acontece: foram cerca de nove mil quilômetros quadrados desmatados, segundo o Inpe.

“Este é um resultado contundente que confirma o retorno do Brasil como parceiro na luta contra as mudanças climáticas”, afirmou Márcio Astrini, chefe do Observatório do Clima, uma coalizão de grupos ambientais, em um comunicado.

Ainda assim, o número é alto: a área desmatada equivale a 1,2 milhão de campos de futebol.

Entenda o contexto

Os dados são parte do relatório anual do Prodes, que é o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite. De modo geral, ele é considerado o registro com maior precisão das taxas anuais e, por isso, é usado como base para formulação de políticas públicas.

De modo geral, a taxa quebra o padrão de alto nível de desmatamento estabelecido durante o governo de Jair Bolsonaro. Além disso, apresenta a eficácia de algumas medidas da nova gestão, que tem Marina Silva comandando o Ministério do Meio Ambiente.

Ela foi responsável pela criação do PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), em 2004. O programa reduziu o desmatamento de mis de 27 mil quilômetros quadrados para a menor taxa nos registros, de 4,6 mil quilômetros quadrados, em 2012.

O PPCDAm teve diversas atualizações e foi descontinuado no primeiro ano do governo Bolsonaro. Em 2023, Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra voltaram com o programa, aumentaram as operações anti-desmatamento e as multas por crimes ambientais.

Segundo Marina Silva, os dados divulgados na última quinta-feira (9) poderiam ser melhores. Contudo, ele ainda soma a devastação de cinco meses que fizeram parte do final da gestão Bolsonaro.

De acordo com a ministra, sob o governo do ex-presidente Bolsonaro houve “uma explosão de crimes, seguindo a completa desestruturação das estruturas ambientais do governo”.

O futuro da Amazônia

Ainda há outro tipo de registro do desmatamento na Amazônia. O Deter é o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, que mensura a área de floresta derrubada a cada mês. Durante os últimos meses, ele tem sinalizado mais quedas na destruição do bioma.

Contudo, o desafio ainda é grande: a meta do governo Lula é zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. Ela é uma promessa brasileira feita na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) do ano passado, uma vez que o bioma é um recurso crucial na luta contra as mudanças climáticas.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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