Apesar dos altos salários, há carência de profissionais de TI no Brasil
O mercado do Brasil deve enfrentar uma lacuna significativa nos próximos anos: a falta de profissionais de TI (tecnologia da informação). Uma estimativa da empresa de consultoria empresarial McKinsey aponta que serão 1 milhão de profissionais a menos do que vagas abertas em 2030.
A tendência é que o número de pessoas qualificadas nesta área não acompanhe uma demanda que só cresce. No final de 2021 o setor tinha 159 mil vagas em aberto, mas só 53 mil formados para ocupá-las, segundo dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação).
A comparação com outros países preocupa. Segundo a McKinsey, o Brasil forma um profissional de TI para cada 11 administradores ou advogados. Na Índia, é um para cada três e, nos EUA, um a cada cinco.
Essa lacuna está cada vez mais evidente no mercado. Fernando Prado, CEO da filial brasileira da BYJU’S – multinacional indiana de tecnologia educacional – entende que o Brasil sofre com a falta de uma cultura para introduzir o ensino da tecnologia desde a infância.
É bem diferente da Índia, por exemplo. “Os primeiros programas de educação em computação iniciaram na década de 1960, e hoje o governo indiano incentiva a formação de desenvolvedores, imputando o tema ainda na educação básica”, compara.
Reflexo no mercado
O incentivo reflete no mercado: a Índia é o país que mais inclui pessoas por dia na internet e também o terceiro maior polo de startups do mundo.
“Eu não diria que o Brasil está atrasado na formação de profissionais da área de TI, mas, com certeza, podemos nos inspirar em outros países para estimular o letramento digital desde a infância e acelerar todo esse processo”, pontuou Prado.
E como esse letramento acontece? Através dos fundamentos da programação, como lógica, sequência e pensamento algorítmico, por exemplo. Quando incluídas nas grades do ensino, podem estimular o raciocínio lógico para a solução de problemas na programação ou análise de sistemas.
Sem levar em conta os desafios atuais da educação brasileira, a inclusão dessa linguagem nas escolas pode vir a se tornar um indicador de desenvolvimento social no futuro. Os salários da área de TI estão – e devem continuar – acima da média no Brasil. A diferença é de 118% em relação ao salário médio nacional, de R$ 2.308, como apontou a Brasscom.
Um levantamento da consultoria de gestão Fox Human Capital divulgado pela Forbes listou a média das remunerações nesse setor no mercado brasileiro. Desenvolvedores seniores ganham de R$ 13 mil a R$ 25 mil, a depender do vínculo de trabalho (via carteira assinada ou pessoa jurídica).
Já cargos de liderança, como diretores de infraestrutura, engenharia ou tecnologia podem receber até R$ 39 mil, a depender da empresa.
Para heads de produto, arquitetos de software e cientistas de dados, por exemplo, os valores são mais variados: partem de R$ 7,7 mil até R$ 20 mil, a depender da companhia e vínculo trabalhista.