Após quase ser extinta na década de 1970, a população de micos-leões-dourados cresceu 30% em 10 anos — passando para quase 4,8 mil animais no Brasil. A Associação Mico-Leão-Dourado divulgou nesta semana um novo relatório com os dados.
Com a ameaça de extinção, a espécie, nativa apenas da Mata Atlântica no interior do estado do Rio de Janeiro, virou foco de diversos esforços de conservação, liderados desde 1992 pela associação.
Após décadas de trabalho, gradativamente a espécie está se recuperando. Depois de sofrer um baque com o surto de febre amarela que reduziu a população em cerca de um terço, o número de animais está aumentando.
Febre amarela
Entre 2016 e 2018, um surto de febre amarela dizimou diversas populações de primatas da Mata Atlântica. Quase um terço da população de micos-leões-dourados foi afetada pelo vírus, evidenciando a vulnerabilidade da espécie.
A doença reduziu a estimativa da população de micos de 3.700 para 2.500 e representou a primeira queda no número de animais da espécie desde que teve início o programa de conservação.
Diante da gravidade da situação e considerando que o mico-leão-dourado vive em uma área pequena, foi necessária a adoção de uma estratégia emergencial: a produção de uma vacina contra a febre amarela adaptada aos pequenos primatas.
É um dos poucos casos de vacinação de uma população de animais selvagens no mundo. E isso tem dado resultado, já que a população dos micos voltou a crescer.
Ainda corre risco de extinção
Apesar da boa notícia, o mico-leão-dourado ainda não se livrou completamente do risco de extinção. De acordo com a associação, é preciso ter uma população de 2 mil micos em uma área de floresta protegida e conectada de 25 mil hectares para livrar a espécie do risco.
Apesar dos 4.800 micos estimados, a fragmentação das florestas ainda é o grande desafio para conservação do mico-leão. Hoje, o maior bloco de floresta contínua possui apenas 15.696 hectares e não está integralmente protegido.
“Já temos mais de 2 mil micos, mas eles ainda vivem em fragmentos de floresta inferiores aos 25 mil hectares que precisamos. Conectar e restaurar as florestas é o nosso maior desafio para garantir a sobrevivência do mico-mico-leão-dourado no longo prazo”, explica Luís Paulo Ferraz, secretário executivo da associação.
Porque o mico-leão-dourado corre risco de extinção?
O quase extermínio do mamífero ocorreu devido atividades agropecuárias e extrativistas, juntamente com a ocupação e crescimento desordenado das zonas costeiras da Mata Atlântica. Além disso, o tráfico de animais contribui para a situação delicada da espécie.
Ele vive cerca de oito anos, tem hábitos diurnos e, à noite, dorme em ocos de árvores ou emaranhados de cipós e bromélias. Se alimenta, por exemplo, de frutos, animais invertebrados e pequenos vertebrados.
Alguns estudos mostram que o mico-leão-dourado come mais de 60 espécies de plantas. Após digerir essas plantas, eles ajudam a dispersar suas sementes pelo ambiente.