A Apple anunciou que pretende usar apenas cobalto reciclado em todas as baterias projetadas pela empresa a partir de 2025. Isso significa que o vindouro iPhone 17 poderá vir com uma bateria que usa o metal 100% reciclado.
A novidade faz parte das metas de sustentabilidade da empresa em utilizar materiais reciclados na fabricação dos seus produtos. Além das baterias, os ímãs nos dispositivos da Apple deverão usar elementos de terras raras totalmente reciclados, assim como placas de circuito impresso — incluindo as placas principais e flexíveis — utilizando solda de estanho e revestimento de ouro também reciclados.
Até 2030, entretanto, a empresa se comprometeu a lançar novos aparelhos que usam apenas materiais reciclados e renováveis, alcançando o objetivo de comercializar dispositivos totalmente neutros em carbono.
“Dos materiais reciclados em nossos produtos à energia limpa que impulsiona nossas operações, nosso trabalho ambiental é parte integrante de tudo o que fazemos e de quem somos. Portanto, continuaremos avançando na crença de que uma ótima tecnologia deve ser ótima para nossos usuários e para o meio ambiente”, disse Tim Cook, CEO da empresa da maçã, em comunicado.
Apple busca mudar a má fama do cobalto
No caso específico do cobalto, a sua exploração não é nada sustentável. Ele é um dos principais ingredientes das baterias de íon-lítio, sendo usado na fabricação de diversos eletrônicos de consumo, desde celulares a automóveis.
Grande parte do metal usado no mundo é extraído na República Democrática do Congo, onde a atividade de mineração de cobalto está ligada a abusos dos direitos humanos, incluindo trabalhos forçados e exploração infantil.
Diante desse cenário, a empresa ressalta que está fazendo uma parceria com especialistas. Um deles é o Fundo para Direitos Humanos Globais, que dá apoio aos direitos humanos e defensores ambientais em comunidades envolvidas com o processo de mineração.
Nesse sentido, no ano passado, um quarto de todo o cobalto encontrado nos produtos da Apple já era proveniente de material reciclado. Isso inclui dispositivos como o iPhone, iPad, Apple Watch e MacBook. No ano anterior, essa taxa era de 13%.
Além disso, dois terços de todo o alumínio, quase três quartos de todas as terras raras e mais de 95% de todo o tungstênio usado nos produtos já são de fontes recicladas.
A linha iPhone 14, por exemplo, já usa vários materiais 100% reciclados. São as terras raras em todos os seus ímãs, o tungstênio no motor de resposta tátil, o estanho nas soldas e o ouro nas placas de circuito impresso.
Sem plástico em embalagens
A Apple também pretende eliminar o uso do plástico nas embalagens de seus produtos. A substituição seria por alternativas feitas de fibra. Ainda tendo o iPhone 14 como exemplo, a empresa introduziu um novo sistema de impressão digital diretamente nas caixas dos celulares. O que reduz a necessidade da maioria das etiquetas.
Ao mesmo tempo, a marca da maçã apresentou o Daisy, um robô de desmontagem que pode separar baterias de outros componentes dos dispositivos. Isso permite agilizar o processo de recuperação e reciclagem do cobalto e outros materiais. Dessa forma, desde 2019, a Apple estima que mais de 11 mil quilos de cobalto foram recuperados de baterias extraídas pela Daisy.
A grande dúvida que fica é como a Apple pretende atingir essa meta até 2025. Afinal, não há baterias velhas suficientes sendo recicladas para atender à demanda por materiais reciclados. Os dados são de acordo com recente relatório da Bloomberg. Além disso, a empresa enfrentará forte concorrência por essas sucatas com as montadoras — a produção de veículos elétricos está em alta.