Por que a Apple está na contramão das demissões das Big Techs

Último grande corte de pessoal na Apple ocorreu em 1997. Apesar da crise, Apple mantém ritmo constante de contratações
Por que a Apple está na contramão das demissões das Big Techs
Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

Apesar de perder 1 trilhão de dólares em valor de mercado no último ano, a Apple ainda se mantém imune às demissões em massa que vêm ocorrendo em outras grandes empresas de tecnologia – em meio à chamada “Crise das Big Techs”.

Nos últimos meses, Amazon, Google, Meta e Microsoft anunciaram cortes de dezenas de milhares de funcionários, após uma significativa desaceleração de suas receitas. De acordo com o site Layoffs.fyi, o montante já chega a quase 78 mil demissões no setor somente em janeiro deste ano.

Por outro lado, a Apple vai na contramão de outras empresas, mantendo sua equipe atual, e apresentando um crescimento no número de funcionários de maneira constante. Esse mesmo fenômeno também foi visto na empresa em outras crises financeiras do passado.

A última vez que a Apple fez um grande corte de pessoal foi em 1997, quando Steve Jobs retornou à empresa como CEO. Na época, 4,1 mil dos cerca de 14 mil funcionários deixaram a empresa.

Historicamente, a Apple é conhecida por não fazer grandes demissões, mesmo quando as receitas e os lucros estão em baixa, conforme apontou levantamento realizado pelo jornalista Gergely Orosz, para o site The Pragmatic Engineer.

Em 2001, por exemplo, durante a crise do estouro da bolha da internet, a empresa continuou contratando mesmo quando havia uma queda de 33% em sua receita.

Já em 2009, a receita da Apple desacelerou para 15% – ante os 56% do ano anterior. Apesar da redução no número de contratações, a empresa resistiu aos cortes. O mesmo ocorreu em 2016, durante uma queda de 8% na receita.

A explicação para isso é que a Apple mantém uma mão de obra enxuta e eficiente. Inclusive, há relatos de que todas as equipes estão com falta de pessoal, o que força os funcionários a aprenderem a fazer mais com menos pessoas.

Gráfico superior mostra o ritmo de contratações no Google, Meta, Microsoft e Apple, em relação à lucratividade ao longo dos anos no gráfico inferior.

Gráfico superior mostra o ritmo de contratações no Google, Meta, Microsoft e Apple, em relação à lucratividade ao longo dos anos no gráfico inferior. Imagem: The Pragmatic Engineer

Além disso, durante a pandemia da Covid e as políticas de quarentena e distanciamento pessoal, as Big Techs viram nesse cenário emergencial uma oportunidade de crescimento — apostando que as pessoas ficariam mais dependentes de serviços e produtos tecnológicos durante e após a pandemia.

Esta mesma aposta fez as Big Techs aumentarem rapidamente os seus quadros de funcionários, enquanto a Apple (mais cautelosa) manteve suas contratações a um ritmo próximo do “normal” em relação a anos anteriores. “A empresa resistiu a crescer rapidamente quando todas as outras grandes empresas de tecnologia começaram a contratar mais rapidamente”, concluiu Orosz.

Por mais que a Apple possa estar fechando algumas posições, isso não significa que esses cortes estejam ocorrendo de forma generalizada, como nas outras Big Techs.

De maneira geral, as demissões em massa de outras companhias estão sendo justificadas agora como uma maneira de tornar as empresas mais enxutas e eficientes. Porém, elas são o reflexo de projeções excessivamente ambiciosas de CEOs das Big Techs, guiadas por uma visão otimista de futuro de que o crescimento do setor de tecnologia se manteria mesmo após o fim da pandemia.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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