Após demissões na Amazon, rumores dizem que Alexa pode acabar
Após a notícia de que a Amazon pretende demitir 10 mil funcionários, documentos obtidos pelo Business Insider mostram que a crise na empresa também pode ameaçar o futuro da assistente de voz Alexa.
Somente no primeiro trimestre deste ano, a subsidiária “Worldwide Digital”, da Amazon, reportou um prejuízo operacional de mais de US$ 3 bilhões. A divisão é a responsável por uma ampla gama de produtos – desde os alto-falantes inteligentes até o streaming Prime Video –, sendo que ela será a mais impactada pelas demissões em massa.
Segundo o noticiário, um funcionário revelou que a empresa perderá neste ano cerca de US$ 10 bilhões com o desenvolvimento dos dispositivos Alexa, lançando dúvidas sobre a continuidade desse tipo de produto.
Inspirada no computador da Enterprise, de Star Trek, a Alexa foi lançada em novembro de 2014, sendo apontada na época como o “futuro de todos os lares”.
O projeto tinha um apreço especial de Jeff Bezos — o fundador da Amazon e um fã declarado de Star Trek –, tendo se envolvido ativamente no desenvolvimento da Alexa. Partiu de Bezos, por exemplo, a iniciativa de tornar a Alexa em uma assistente com o menor tempo de resposta entre os seus concorrentes.
Apesar de ter chegando a dominar 75% do mercado, a Alexa e seus produtos nunca deram lucro para a Amazon. A estratégia utilizada era “dominar” o mercado doméstico – vendendo dispositivos a preço de custo –, e, posteriormente, fazer dinheiro por meio da venda de produtos inteligentes para casa – algo que ainda não ocorreu na prática.
“Queremos ganhar dinheiro quando as pessoas usarem nossos dispositivos, não quando comprarem nossos dispositivos”, diz um documento interno. Esse tipo de estratégia de negócio é comum na área da tecnologia, porém, ela pode estar com os dias contados, diante da atual crise financeira que assombra as chamadas Big Techs.
No caso da Alexa, as fontes ouvidas pelo Business Insider classificaram o projeto como uma “falha colossal da imaginação”, “uma oportunidade desperdiçada” e que “não há uma diretriz clara para os dispositivos”.
Com o prejuízo bilionário, queda nas vendas de dispositivos e a saída de altos executivos da empresa – incluindo Bezos para a empresa de foguetes Blue Origin –, a moral dos funcionários que trabalham no projeto também começou a afundar, começando a perder força desde o final de 2019.
A divisão chegou a contratar um time de especialistas para rastrear o comportamento dos usuários da Alexa e propor ideias inovadores que melhorassem a contribuição financeira da assistente inteligente, mas os resultados ficaram aquém das expectativas.
Parcerias com as empresas Uber, Disney e Domino’s também não geraram o engajamento esperado. O mesmo ocorreu com a ideia de construir uma comunidade de desenvolvedores de skills para a Alexa.
Atualmente, a Alexa é a terceira assistente de voz mais usada nos Estados Unidos, com 71,6 milhões de usuários — ficando atrás do Google Assistente (81,5 milhões de usuários) e Siri (77,6 milhões).
Diante dos rumores de que a Alexa pode acabar, o vice-presidente sênior de dispositivos e serviços da Amazon, David Limp, colocou panos quentes no vazamento ao dizer em comunicado que “estamos mais comprometidos do que nunca com Echo e Alexa, e continuaremos a investir pesadamente neles”.
Já o CEO da Amazon, Andy Jassy, se comprometeu a investir na assistente inteligente. “A Amazon resistiu à incerteza e a economias difíceis no passado, e continuaremos a fazê-lo”, disse Jassy. Mesmo assim, os funcionários disseram que ainda não está claro o que o futuro reserva para a Alexa.