Apple e Foxconn foram acusadas de violar leis trabalhistas em uma fábrica onde as gigantes da tecnologia estão produzindo o novo iPhone, de acordo com um novo relatório da China Labor Watch. Além disso, a organização sem fins lucrativos alega que os trabalhadores da fábrica da Foxconn em Zhengzhou, na maior fábrica de iPhone do mundo, estão trabalhando uma quantidade extrema de horas extras, violando as leis locais.
De acordo com as leis trabalhistas da China, os contratos temporários podem representar apenas 10% da força de trabalho de qualquer empresa. Mas, de acordo com a China Labor Watch, aproximadamente 50% dos funcionários da fábrica da Foxconn de Zhengzhou, onde os iPhones estão sendo produzidos, são temporários. Eles ganham cerca de US$ 1,68 por hora padrão e US$ 2,52 por hora extra, um salário “insuficiente para sustentar uma família que mora na cidade de Zhengzhou”, diz a China Labor Watch.
O relatório de 51 páginas sobre supostas violações trabalhistas, divulgado pela Reuters, surge pouco antes de a Apple anunciar sua versão mais recente do iPhone em um evento na Califórnia marcado para terça-feira (10). A Apple disse à Reuters que o número de trabalhadores temporários “excedeu nossos padrões”, mas não respondeu imediatamente a um pedido de esclarecimento do Gizmodo nesta segunda-feira de manhã.
A China Labor Watch observa que os trabalhadores temporários eram raros antes de 2015, mas a Foxconn começou a contratá-los cada vez mais nos últimos anos. A Foxconn usa terceirizados para recrutar os funcionários temporários, que não recebem os mesmos benefícios que os contratados em período integral.
Os trabalhadores também são punidos por não cumprirem cotas rigorosas, de acordo com a organização sem fins lucrativos.
Segundo o relatório:
Há uma cota de produção todos os dias. Durante o período mais movimentado da alta temporada, o número máximo de celulares que pode ser produzido é 12.000. Mas, em média, cada oficina e cada turno (diurno e noturno) produz 11.000 iPhones. Na baixa temporada, os trabalhadores produzem cerca de 3.000 iPhones e, apesar da cota de produção ser muito menor do que na alta temporada, também há menos trabalhadores. Como resultado, os funcionários podem ter que trabalhar mais. Se a cota de produção não é atingida, eles são repreendidos.
O China Labor Watch monitora as condições de trabalho na China desde o ano 2000 e passou anos compilando este último relatório, segundo o grupo. E enquanto o uso de trabalhadores temporários da Apple e da Foxconn está ocupando todas as manchetes, há um pequeno fato interessante escondido no relatório. Com base nas estimativas da China Labor Watch, a quantia que a Apple paga pelo trabalho em cada iPhone é pequena. A estimativa deles é: “Cada iPhone exige US$ 4,64 em custos de mão-de-obra”.
Você pode ler o relatório completo aqui (em inglês). O Gizmodo atualizará este post se recebermos uma resposta da Apple.