Último relatório de cadeia de fornecimento da Apple detalha problemas trabalhistas alarmantes

A Apple lançou seu relatório anual de Progresso de Responsabilidade de Fornecimento na quarta-feira (7), detalhando as maneiras como a empresa está tentando melhorar o estado de sua cadeia de fornecimento. É uma prática importante, considerando que a Apple foi alvo de críticas num passado não tão distante por causa das condições infernais de trabalho […]

A Apple lançou seu relatório anual de Progresso de Responsabilidade de Fornecimento na quarta-feira (7), detalhando as maneiras como a empresa está tentando melhorar o estado de sua cadeia de fornecimento. É uma prática importante, considerando que a Apple foi alvo de críticas num passado não tão distante por causa das condições infernais de trabalho de seus funcionários de fábrica.

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O relatório da Apple inclui uma série de violações trabalhistas que a empresa descobriu por meio de auditorias no ano passado, maioria das quais pode ser atribuída à “provisão inapropriada de salários e benefícios e violações de horas de trabalho”, diz o relatório. Uma violação detalhada no relatório, por exemplo, revela que mais de 700 trabalhadores terceirizados das Filipinas foram forçados a pagar um total de US$ 1 milhão para trabalhar para uma fornecedora, noticia a Reuters.

A Apple pagou US$ 1,9 milhão em taxas de recrutamento no ano passado para empregados impactados por servidão por dívidas, quando uma pessoa é contratada sob a condição de que seu trabalho seja um reembolso por algum tipo de débito. Em 2018, a Apple anunciou que isso violava seu código de conduta.

A empresa diz ter descoberto três violações de servidão por dívidas em 2017. As auditorias de cadeia de fornecimento também descobriram 38 violações relacionadas a falsificação de horas de trabalho, uma de restrição de acesso e duas ligadas a trabalho infantil. A violação de restrição de acesso foi resultado de uma fornecedora barrando acesso de alguém a um local ao mesmo tempo em que se recusava a fornecer documentações para um auditor. Os funcionários menores de idade, segundo o relatório da Apple, conseguiram seus empregos usando identidades falsas e tinham 14 e 15 anos de idade.

A companhia afirmou na introdução do relatório que ranqueava sua rede de fornecedores a partir de seu desempenho — baixo, médio ou alto —, em comparação com “o conjunto mais rigoroso de padrões da indústria”. Em relação a saúde e segurança, a empresa disse que a pontuação de todas as 756 avaliações de cadeia de fornecimento em 30 países foi de 90%. A empresa aponta que algumas violações foram causadas por falha na instalação de detectores de incêndio em todos os lugares necessários, com um número menor de violações “relacionadas a permissões de saúde e segurança, administração de incidentes e condições de trabalho e de vida”.

Ao longo de suas centenas de avaliações de cadeia de fornecimento, a pontuação ambiental média foi de 91%, com maioria das violações atribuída ao “manejo de substâncias perigosas e a permissões ambientais”. Três de quatro violações foram resultado de “administração inadequada de efluentes”, com a última violação “ligada a emissões de ar”.

Esse é o vigésimo ano em que a Apple lança um relatório desses. Entretanto, notícias ainda de janeiro indicavam que alguns dos trabalhadores de fábrica da Apple ainda estavam sujeitos a condições extenuantes e perigosas. “Minhas mãos ficaram brancas, sem sangue, depois de um dia de trabalho”, disse um funcionário em uma das empresas de fabricação da Apple na China, em entrevista à Bloomberg em janeiro. “Só digo as coisas boas à minha família e guardo os sofrimentos como esse para mim.”

Lançando por conta própria, em detalhes, as falhas dos fornecedores — e as maneiras como está trabalha do duro para resolvê-las —, a Apple sinaliza que está tentando fazer sua contribuição no combate aos problemas de direitos humanos que infestam cadeias de fornecimento corporativas. Ainda assim, a Apple ainda tem um longo caminho a percorrer.

[Reuters]

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