Apple vai contra suas próprias regras e começa a enviar notificações para promover o Apple Music
A Apple parece querer muito mesmo que as pessoas se comprometam com seus serviços. Segundo o 9to5Mac, a empresa está enviando notificações para atuais e antigos assinantes do Apple Music tentando ou fazer com que eles voltem ou então incentivem seus amigos com presentes de três meses de gratuidade na plataforma. As notificações já podem ser um pequeno incômodo, porém, como apontam o 9to5Mac e o Verge, a Apple parece estar contornando suas próprias regras para oferecer seu serviço aos usuários.
Na sua página de Diretrizes de Revisão da App Store, a Apple afirma claramente que as notificações push “não devem ser utilizadas para publicidade, promoções ou fins de marketing direto”. O Gizmodo entrou em contato com a Apple, e atualizaremos a publicação caso a empresa responda.
Certamente parece que a companhia está se esforçando para atrair assinantes antes do suposto anúncio do seu serviço de streaming de vídeo no mês que vem. E embora ainda não esteja claro como será esse serviço de assinatura, é possível que a Apple esteja olhando para ambos como uma oportunidade de compensar suas vendas de smartphones abaixo do ideal. Mas isso pode ser um problema.
Tim O’Shea, analista de Apple do Jefferies Group, abordou esse tópico em uma análise publicada no domingo (17) pelo Business Insider. Presumindo que a Apple cobre US$ 15 por mês pelo novo serviço de streaming de vídeo — que estaria mais ou menos no mesmo nível da assinatura de quatro telas da Netflix nos EUA — e pegue uma fatia de 30% por assinante com seus parceiros de streaming, como foi noticiado, O’Shea argumentou que seria difícil para a empresa ter qualquer retorno significativo em seu produto imediatamente. De acordo com o Business Insider:
Se o serviço for extremamente bem-sucedido e atrair 250 milhões de assinantes, ele renderia US$ 13,5 bilhões em receita para a Apple. Isso é um belo montante. Afinal, as vendas totais da Netflix no ano passado foram de US$ 15,8 bilhões.
Porém, no contexto da Apple, esse número seria apenas uma gota no balde. No ano fiscal de 2018, a empresa registrou receita de US$ 265 bilhões. Embora O’Shea e outros analistas esperem que as vendas da Apple caiam drasticamente neste ano antes de se recuperarem lentamente nos próximos, US$ 13,5 bilhões ainda representariam apenas uma pequena fração da receita da empresa.
Embora o Apple Music tenha sido um sucesso esmagador — possivelmente até ultrapassando o Spotify como serviço preferido de streaming da música nos EUA e em muito menos tempo —, O’Shea acha que a Apple deverá ter mais dificuldades com o serviço de vídeo. Isso, em parte, porque a empresa está supostamente gastando muito menos do que os possíveis bilhões de dólares que a Netflix está despejando em conteúdo original, um ingrediente chave para o seu sucesso.
Mas O’Shea também apontou que exigir uma fatia tão grande pode dissuadir potenciais parceiros e empresas de produção, o que a CNBC informou na semana passada que pode estar dificultando as negociações da Apple com a HBO e outras companhias. O’Shea disse que, em geral, mesmo que as ofertas de serviços da Apple estejam em expansão, isso pode não ser suficiente para compensar suas vendas fracas de iPhone.
Por fim, teremos que esperar para ver o que Tim Cook tem na manga em março. Se a perspectiva de O’Shea estiver correta e a Apple ter dificuldades para ganhar tração com seu novo serviço de streaming, provavelmente devemos nos acostumar com essas notificações promovidas, implorando que testemos a plataforma.