Apps populares teriam compartilhado informações pessoais delicadas de usuários com o Facebook

Apps populares transmitiam informações como peso e ciclo menstrual para o Facebook, violando as regras da própria rede social
Getty Images

Às vezes, o Facebook não é o único responsável pelas violações de privacidade que envolvem o site. Por exemplo, uma investigação do Wall Street Journal encontrou 11 aplicativos populares que transmitem rotineiramente dados pessoais potencialmente delicados, como peso corporal e ciclos menstruais, para o Facebook, às vezes violando as diretrizes da própria rede social.

O problema em questão gira em torno de uma ferramenta de análise que o Facebook oferece aos desenvolvedores chamada App Events. Trata-se de um kit de desenvolvimento de software plug and play que ajuda os desenvolvedores a configurar rastreadores personalizados de atividade do usuário que podem ser traduzidos em dados de direcionamento de anúncios. O Facebook não é a única empresa que oferece esse tipo de ferramenta, mas, de acordo com o Wall Street Journal, ele foi implementado em “milhares” de aplicativos.

Para se ter uma ideia de como esse kit de desenvolvimento de software está sendo usado, o Wall Street Journal utilizou um software para analisar as comunicações na internet de mais de 70 aplicativos. “Os testes encontraram pelo menos 11 aplicativos que enviaram ao Facebook informações potencialmente delicadas sobre como os usuários se comportavam ou dados reais que eles inseriram”, diz a reportagem. Por algum motivo, o jornal decidiu identificar apenas cinco dos aplicativos pelo nome. Aqui estão os seus nomes e o que eles fizeram:

  • Instant Heart Rate: HR Monitor – Transmitiu dados de frequência cardíaca.
  • Flo Period & Ovulation Tracker – Compartilhava quando uma usuária estava tendo sua menstruação.
  • Realtor.com – Transmitiu a localização e o preço das listagens de produto que um usuário visualizou.
  • BetterMe: Weight Loss Workouts – Compartilhou o peso e a altura dos usuários.
  • Meditation app Breethe – Compartilhou o endereço de e-mail usado pelos usuários para fazer login no aplicativo e o nome das meditações que o usuário realizou.

O Flo parece ser o exemplo mais obviamente pessoal de compartilhamento de informações de que os usuários podem não estar cientes, e a resposta da empresa às perguntas não inspirou confiança de que eles estejam levando o problema a sério. Da reportagem:

O Flo disse inicialmente em uma declaração escrita que não envia “dados importantes do usuário” e que os dados que ele envia ao Facebook são “despersonalizados” para mantê-los privados e seguros.

O teste do Wall Street Journal, no entanto, mostrou que informações confidenciais foram enviadas com um identificador de publicidade exclusivo que pode ser associado a um dispositivo ou perfil. Um porta-voz do Flo disse posteriormente que a empresa irá “limitar substancialmente” seu uso de sistemas externos de análise enquanto realiza uma auditoria de privacidade.

O Facebook não respondeu ao pedido de comentários do Gizmodo, mas revelou ao Wall Street Journal que diz para os desenvolvedores não compartilharem “informações de saúde, financeiras ou outras categorias de informações sensíveis”. O Wall Street Journal testou os dez principais aplicativos financeiros na loja de aplicativos da Apple nos EUA e descobriu que nenhum deles parecia estar compartilhando informações confidenciais com o Facebook. Mas informações de saúde como ciclos menstruais, frequência cardíaca e flutuações do peso corporal estavam sendo compartilhadas em aplicativos que foram analisados.

A rede social de Mark Zuckerberg disse que iria informar os desenvolvedores de aplicativos infratores para que parassem de transmitir informações proibidas e que, se eles continuarem a violar suas regras, “pode tomar medidas adicionais”.

Alguns dos desenvolvedores rapidamente mudaram suas políticas depois de serem contatados pelo Wall Street Journal, enquanto outros não responderam.

No mundo dos escândalos relacionados ao Facebook, esse em particular aparece muito baixo no ranking de medição de casos absurdos. Mas, mais uma vez, ele ilustra que você sequer precisa ser um usuário do site para descobrir que está inadvertidamente entregando dados para o gigante da tecnologia.

Também é um lembrete importante de que os usuários devem ter cuidado quando se trata de compartilhar informações de saúde — especialmente em um momento em que empresas de convênio médico estão observando redes sociais e análise de dados para determinar seus valores.

Também podemos descobrir que o abuso do kit de desenvolvimento de software do Facebook é mais difundido do que imaginávamos. O gabinete do governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou na sexta-feira (22) que está instruindo o Departamento de Serviços Financeiros e outras agências estatais a abrir imediatamente uma investigação sobre as práticas do Facebook com terceiros.

[Wall Street Journal]

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