Aquecimento global faz novas vítimas: bebês pinguins morrem na Antártida
Por anos, a Antártida parecia resistir às mudanças climáticas que já prejudicavam seu oposto, o Ártico. No entanto, nos últimos anos, as temperaturas mais quentes alcançaram a calota de gelo que cobre o extremo sul do globo.
No último domingo (20), registros marcaram uma perda de 2,2 milhões de quilômetros quadrados da extensão do gelo da região – uma área maior que o tamanho de toda a Groenlândia.
Os anos entre 2016 e 2023 registraram os quatro menores tamanhos da camada de gelo da Antártida. Agora, um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment revelou como a perda de gelo aniquila também os ecossistemas ali presentes.
A morte dos bebês pinguins
Por não sofrerem ameaças de caça ou pesca em grande escala, as populações de pinguins-imperadores nunca estiveram sob risco iminente. Agora, as mudanças climáticas são consideradas como o principal fator de risco da espécie.
Agora isso ficou ainda mais claro. Os pinguins-imperadores se reproduzem durante o inverno e precisam da geleira estável de abril a dezembro. Este é o período entre o momento em que eles colocam seus ovos e seus bebês nascem.
Diferente de seus pais, que são adaptados para suportar temperaturas até -60°C, os filhotes têm apenas uma penugem fofa. Antes de desenvolver a camada de pele que é à prova d’água gelada, eles não conseguem nadar e pescar. Por isso, até seus três meses de idade, eles dependem completamente dos pais.
Se o gelo sob a colônia se desintegra muito cedo na estação, os filhotes se afogam ou congelam até a morte. Foi isso que aconteceu recentemente.
Pesquisadores do British Antarctic Survey (BAS) constataram a tragédia por imagens de satélite e compartilharam no estudo. De acordo com a pesquisa, as colônias no Mar de Bellingshausen, no oeste da Antártida, perderam quase todos os seus filhotes.
“Deveria haver de 5.000 a 10.000 filhotes lá. Houve um lugar onde eles sobreviveram, mas mesmo assim tinham apenas cerca de 200 filhotes”, afirmou o principal autor do estudo, Peter Fretwell, à Space.
No futuro, pode piorar
Depois do recorde de derretimento em fevereiro deste ano, o gelo ao redor da costa da Antártida não conseguiu se regenerar à medida que o continente entrava no inverno. Dessa forma, a camada de gelo permanece bem abaixo das médias sazonais.
Em outros momentos, os pinguins-imperadores já responderam a incidentes de perda de gelo marinho. A solução que encontraram foi buscar locais mais estáveis no ano seguinte. Isso não funcionará se o gelo de toda a região for afetado.
“Nossos modelos sugerem que, em um cenário em que as mudanças climáticas continuem como estão no momento, perderemos 90% das colônias [de pinguins-imperadores] até o final do século”, disse Fretwell.
Para os pinguins-imperadores e outras espécies que dependem do gelo marinho para sobreviver e se reproduzir, mais anos difíceis provavelmente estão por vir.