Ares-condicionados e refrigeradores antigos foram responsáveis pelo derretimento do Ártico, aponta estudo
O buraco na camada de ozônio foi causado em grande parte por produtos químicos usados em aparelhos de ares-condicionados e refrigeradores mais antigos. Novas pesquisas mostram que o mesmo material também está por trás da metade do aquecimento que o Ártico sofreu entre 1955 e 2005.
O estudo, publicado na Nature Climate Change desta segunda-feira (20), utiliza uma série de modelos climáticos para descobrir o quanto essas substâncias impactaram o aumento da temperatura do Ártico, bem como a perda de gelo marinho. A boa notícia é que ele mostra que os esforços para eliminar esses químicos gradualmente no final dos anos 1980 foi uma boa ideia para a camada de ozônio e o clima.
Os pesquisadores usaram 1955 como ponto de partida porque o uso de substâncias que afetam a camada de ozônio, como clorofluorocarbonos e hidroclorofluorocarbonos – usados para refrigerar –, aumentou muito nos anos seguintes.
Os cientistas analisaram os modelos em dois cenários. Em um deles, as emissões seguiram a trajetória que fizeram nos 50 anos seguintes, com aumento do uso. No outro, as substâncias que destruíam a camada de ozônio foram mantidas nos níveis de 1955 – ou seja, não aumentaram.
Os resultados mostraram que sob o cenário mais próximo da realidade, com o aumento do uso dos químicos, a temperatura média anual global aumentou 0,59 graus Celsius. Entretanto, nos modelos sem essas substâncias, o aumento foi de 0,39 graus Celsius. Isso significa que essas substâncias são responsáveis por um terço do aquecimento global durante esse período de tempo.
No Ártico, porém, o aquecimento é mais severo e os impactos do corte desses produtos químicos ainda mais dramáticos. O aumento da temperatura no Ártico foi de 1,59 graus Celsius ao longo dos 50 anos em que as emissões químicas que prejudicam a camada de ozônio aumentaram. Se os níveis se mantivessem como em 1955, o aquecimento seria de apenas 0,8 graus Celsius, uma redução acentuada.
O impacto de impedir que as substâncias que afetam a camada de ozônio aumentem se estende muito além da temperatura do ar. O estudo atribui metade da perda de gelo do mar Ártico em setembro – o mês em que as perdas de gelo do mar Ártico são maiores – a essas substâncias durante o período de 50 anos do estudo.
O Protocolo de Montreal foi ratificado em 1989, em resposta ao agravamento do buraco na camada de ozônio. O objetivo era eliminar gradualmente esses produtos químicos, e a iniciativa funcionou bem. Isso significa que é provável que o buraco na camada de ozônio cicatrize neste século.
A nova pesquisa indica que a eliminação gradual também pode ajudar a evitar mais aquecimento extremo no Ártico, embora alguns dos ares-condicionados usados atualmente também emitam gases de efeito estufa bastante poderosos.