Armazéns e fábricas de Amazon e Tesla estão entre as mais perigosas de se trabalhar nos EUA
O Conselho Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos (conhecido como National COSH) divulgou um relatório, nesta quarta-feira (25), destacando 12 empresas que mais colocam seus empregados em risco, e Amazon e Tesla ambas entraram na relação.
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“Todos os dias, há trabalhadores que não chegam em casa para suas famílias por causa de tragédias que sabemos que poderiam ter sido evitadas”, disse Marcy Goldstein-Gelb, diretora coexecutiva do National COSH, em um comunicado. “Neste ano, vamos identificar várias empresas que receberam avisos específicos sobre riscos de segurança e não os corrigiram. Os trabalhadores pagaram o preço final por essas falhas.”
Para compilar o relatório, intitulado “The Dirty Dozen 2018” (“A Dúzia Suja 2018”, em tradução livre), o National COSH pegou suas informações de ativistas de saúde e segurança e observou a “gravidade das lesões dos trabalhadores; a exposição a risco desnecessário e evitável; repetidas citações de autoridades estaduais e federais relevantes; e atividade por trabalhadores para melhorar suas condições de saúde e segurança” para decidir quais empresas deveria incluir na relação. O relatório aponta que, frequentemente, essas lesões e mortes são evitáveis, com medidas de saúde e segurança eficazes.
O National COSH descobriu que sete funcionários foram mortos nos armazéns da Amazon desde 2013, com três dessas mortes ocorrendo dentro de um intervalo de cinco semanas no ano passado.
O relatório aponta a hipocrisia dessas mortes evitáveis, considerando que o CEO da empresa, Jeff Bezos, é, atualmente, a pessoa mais rica do mundo e que sua empresa está atualmente procurando um local para sua segunda sede. “Sua vasta fortuna depende, em grande parte, de um modelo de negócio que apresenta um ritmo de trabalho implacável e monitoramento constante dos empregados”, afirma o relatório. Ele também indica que a Amazon contrata parte de sua força de trabalho usando agências de trabalho temporário, o que cria um caminho nebuloso quanto à responsabilidade quando lesões acontecem.
Em relação à Tesla, a empresa recentemente ganhou manchetes depois de uma reportagem da Reveal indicar que a companhia estaria minimizando a quantidade e a gravidade dos acidentes no ambiente de trabalho. O relatório desta quarta-feira do National COSH apontou que as lesões registráveis de trabalhadores na fábrica da Tesla em Fremont, na Califórnia, foram 31% maiores que a média da indústria em 2015 e 2016 e que a taxa de lesões sérias foi 83% maior do que a média da indústria em 2016.
O National COSH destacou os esforços sindicais dos trabalhadores da Tesla — que, até agora, não receberam apoio da gestão da empresa —, dizendo que eles resultaram em aumentos salariais, respostas a algumas das preocupações de segurança do ambiente de trabalho e melhorias na política de confidencialidade da companhia. “Sindicalistas na Tesla dizem que esses ganhos — e outros problemas de ambiente de trabalho — deveriam ser resolvidos em um contrato sindical negociado, para que a Tesla não possa fazer mudanças de política unilaterais”, diz o relatório.
Em um email ao Gizmodo, um porta-voz da Tesla se referiu a um blog post da empresa publicado em resposta à matéria da Reveal. A publicação detalha vários esforços para melhorar a segurança em sua fábrica, incluindo treinamento melhorado e supervisão extra, dizendo ainda que a Tesla busca “ser a fábrica mais segura na Terra”.
Jonathan Galescu é um técnico na fábrica da Tesla em Fremont que trabalha na carroceria dos carros elétricos da empresa. Em uma conversa com repórteres, ele disse que está na empresa há quase quatro anos e que já se machucou seriamente “várias vezes”, acrescentando que já foi atingido no peito por um pedaço enorme de máquina, além de ter desenvolvido uma “hérnia de disco” pela maneira como eles trabalham na carroceria, o que ele descreveu como “meio não convencional”.
Galescu também afirmou que os funcionários da Tesla ainda estão passando por lesões graves. “Estão dizendo que o número caiu”, afirmou, “mas não acredito que tenha caído”.
As outras dez empresas citadas no relatório do National COSH incluem Lowe’s, Dine Brands Global, Inc. (dona do IHOP e do Applebee’s), assim como duas fazendas, uma fábrica de cosméticos e uma empresa de gestão de resíduos, entre outras.
A Amazon não respondeu a um pedido por comentários sobre o relatório, que você pode ver aqui, na íntegra.
Imagem do topo: Getty