Arqueólogos decifram arte rupestre encontrada na Amazônia
Em colaboração com anciões e líderes espirituais indígenas, arqueólogos descobriram o significado de uma antiga arte rupestre encontrada na Amazônia colombiana.
O trio de arqueólogos investigava as pinturas rupestres de indígenas no sítio arqueológico Serranía de la Lindosa. A região, conhecida como “La Lindosa”, faz parte do departamento Guaviare, da Colômbia, e possui dezenas de milhares de pinturas rupestres.
As imagens, que mostram humanos, animais, plantas e seres mitológicos, têm mais de 11 mil anos, de acordo com cientistas.
No entanto, a dificuldade de acesso à Amazônia, além da turbulência política na Colômbia durante os últimos 100 anos, limitaram as atividades de pesquisa sobre arte rupestre na região.
Agora, em um estudo recente, os arqueólogos conseguiram decifrar o significado das pinturas rupestres na região.
Ao combinar várias peças de evidências, incluindo fontes etnográficas e depoimentos de indígenas da região, os arqueólogos afirmam que a arte rupestre não é um registro literal da Amazônia.
Em vez disso, segundo os arqueólogos, a pintura está associada a xamãs negociando reinos espirituais, bem como as inter-relações entre humanos e mundos sobrenaturais.
“Descendentes dos pintores da arte original nos explicaram, recentemente, que a arte rupestre dessa região não é apenas um reflexo do que os artistas viam no ‘mundo real’”, afirma Jamie Hampson, arqueólogo da Universidade de Exeter e coautor do estudo.
Significado da arte rupestre pela perspectiva dos nativos da Amazônia
Durante a investigação, os arqueólogos acompanharam 10 líderes indígenas em uma expedição a seis painéis de arte rupestre na região da montanha de Cerro Azul. No local, os arqueólogos entrevistaram os indígenas, registrando depoimentos sobre a arte rupestre na Amazônia.
O xamã Ulderico, do povo Matapi, afirmou aos pesquisadores que as artes devem ser vistas pela perspectiva xamânica. Segundo Ulderico, cada uma das figuras na arte rupestre contribuiu para o conhecimento xamânico de indígenas na Amazônia.
“Esse conhecimento serve como um guia para prática do xamanismo”, explica Ulderico sobre o significado da arte rupestre.
Alguns líderes indígenas afirmam que as pinturas são criações de espíritos, sobretudo as que ficam em regiões mais altas, ressaltando que os nativos antigamente “viviam espiritualmente. Eles eram um espírito”.
Os arqueólogos destacam que esta é a primeira vez que o ponto de vista de anciões indígenas sobre a arte rupestre de seus ancestrais se integra a uma pesquisa sobre a Amazônia.
“Desse modo, conseguimos observar a arte não só pela perspectiva do forasteiro, o que nos permitiu entender os significados sagrados e ritualísticos. Além disso, o nosso estudo ressalta como os sistemas de crenças dos indígenas precisam ser levados a sério”, finaliza Hampson.