Assistentes de voz podem prejudicar desenvolvimento das crianças, diz estudo

Uso constante do assistente de voz com crianças pode trazer atraso no aprendizado e habilidades como empatia e pensamento crítico
Assistente de voz pode prejudicar desenvolvimento das crianças, diz estudo
Imagem: Kelly Sikkema/Unsplash/Reprodução

Um estudo da Universidade de Cambridge publicado na terça-feira (27) aponta que assistentes de voz, como a Alexa e Siri, podem ser prejudiciais ao desenvolvimento social e cognitivo das crianças a longo prazo. 

Os alertas incluem atraso no aprendizado e dificuldade em desenvolver habilidades como empatia, compaixão e pensamento crítico, diz o estudo. 

A primeira preocupação é que crianças atribuam características e comportamentos humanos a dispositivos treinados para formar frases, disse o pesquisador em medicina clínica e coautor do artigo, Anmol Arora, ao jornal britânico The Guardian

O contato com os assistentes de voz pode levar crianças a antropomorfizar e depois emular os dispositivos. Na prática, elas passam a alterar seu tom de voz, volume, ênfase e entonação. 

Outro problema é a falta de expectativa das máquinas para que as crianças digam palavras de bom convívio com o outro, como “por favor” e “obrigado”. 

A limitação dos dispositivos nos tipos de perguntas que são capazes de responder é mais um fator prejudicial. “Isso fará com que os pequenos aprendam formas muito restritas de questionamento e sempre na forma de uma demanda”, afirmou Arora. 

Padronização é prejudicial 

O estudo também alerta para a dificuldade dos assistentes de voz em reconhecer as formas peculiares com que as crianças se comunicam. 

Quanto mais jovens, mais difícil é para os pequenos pronunciar certas palavras corretamente – uma diferença incompreendida pelas máquinas. Se o assistente de voz interpretar errado alguma afirmação, isso pode expôr as crianças a questões inapropriadas. 

O estudo cita como exemplo o caso em que uma Alexa orientou uma criança de 10 anos a fazer o desafio de tocar em um plugue elétrico conectado na tomada com uma moeda. A “brincadeira” começou no TikTok no ano passado e resulta em um choque elétrico. 

“Esses dispositivos não entendem o que estão dizendo”, disse Arora. “Tudo o que fazem é regurgitar algumas informações em resposta a uma consulta restrita sem nenhuma compreensão real de segurança ou de quem está ouvindo”.

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Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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