Asteroide que pode nos atingir em 2068 passará “perto” da Terra nos próximos dias
Um asteroide com uma pequena chance de atingir a Terra em 2068 passará “perto” de nosso planeta nos próximos dias, proporcionando uma rara oportunidade para os astrônomos observarem este objeto potencialmente perigoso.
Para sua viagem atual em torno do Sol, o asteroide 99942 Apophis fará sua passagem mais próxima da Terra em 6 de março de 2021, período durante o qual chegará a cerca de 16,9 milhões de quilômetros do nosso planeta, de acordo com um boletim divulgado por astrônomos do Goldstone Solar System Radar.
Embora seja perto o suficientemente para observar, é distante o suficiente para não se preocupar. Para ter noção, é mais do que 44 vezes a distância da Lua.
O Apophis não será visível a olho nu, mas a aproximação é de interesse para os astrônomos que estarão monitorando o grande asteroide enquanto ele passa pela Terra. Esta será nossa última oportunidade de estudar o objeto potencialmente perigoso antes de uma aproximação ainda mais detalhada daqui a vários anos. Na sexta-feira, 13 de abril de 2029, o Apophis chegará a 31 mil quilômetros da Terra – isso é cerca de um décimo da distância da Terra à Lua – durante o qual será visível a olho nu.
Os astrônomos dizem que não há chance do Apophis colidir com nosso planeta em 2029, nem em 2036, quando ele está programado para fazer mais uma aproximação, mas o mesmo não pode ser dito para o encontro de 2068.
O Apophis, descoberto em junho de 2004, está atualmente classificado em terceiro lugar na lista da Nasa de objetos próximos à Terra potencialmente perigosos (NEOs). As estimativas de uma colisão em 2068 variam de 1 chance em 150 mil a 1 em 530 mil. Essa taxa é excepcionalmente baixa, mas baixa não é zero.
Uma colisão com este objeto de 350 metros de largura seria devastadora. O Apophis, que mede três campos de futebol, liberaria o equivalente a 1.150 megatons de TNT. Para se ter uma ideia da dimensão, imagine 3.800 bombas atômicas semelhantes a Hiroshima explodindo ao mesmo tempo. Tal evento resultaria em devastação local e global, incluindo o início de um inverno de impacto.
Colisões dessa magnitude são raras, mas espera-se que ocorram uma vez a cada 80 mil anos. Em comparação, asteroides de tamanho semelhante ao que causou a extinção de todos os dinossauros não aviários são esperados cerca de uma vez a cada 250 milhões a 730 milhões de anos. Conhecido como meteoro de Chicxulub, o asteroide destruidor de dinossauros media mais de 16 quilômetros de largura e caiu na península de Yucatán há aproximadamente 66 milhões de anos.
O que nos traz de volta ao Apophis e sua aproximação iminente. Os astrônomos estão se preparando para o próximo encontro, e seus esforços estão sendo coordenados por meio da Campanha de Observação 2021 do 99942 Apophis, organizada pela Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN, sigla em inglês).
Astrônomos do Goldstone Deep Space Communications Complex da Nasa, na Califórnia, estarão observando, assim como um grupo do Green Bank Telescope em West Virginia. Lamentavelmente, essa abordagem próxima teria sido uma oportunidade perfeita para o Observatório de Arecibo em Porto Rico, mas esta famosa antena de radar colapsou no final do ano passado.
As observações de radar do Apophis nos próximos dias “devem melhorar o conhecimento do estado de rotação e forma” do objeto, de acordo com o observatório Goldstone. Medições refinadas irão expor mudanças potenciais para o asteroide quando ele se aproximar em 2029 (espera-se que a força gravitacional da Terra altere o asteroide e sua trajetória de várias maneiras) e até mesmo “permita a previsão da orientação dele após o encontro de 2029”, segundo Goldstone. O principal objetivo da campanha de 2021 é “reduzir as incertezas sobre a órbita, estado de rotação e forma 3D” do objeto.
Este último sobrevoo é importante, mas a aproximação de 2029 será ainda mais. Cientistas e engenheiros já estão se planejando para esta rara oportunidade, incluindo missões potenciais para estacionar espaçonaves perto do asteroide e enviar sondas para a superfície. Aprenderemos muito sobre o Apophis e asteroides em geral com essas missões, mas também teremos uma noção melhor do risco representado pelo encontro de 2068.
Por enquanto, nos resta olhar para este objeto ameaçador à distância.