Astrônomos flagram estrela engolindo planeta do tamanho de Júpiter

É a primeira vez que se registra esta catástrofe cósmica – que deve acontecer com a Terra daqui 5 bilhões de anos
representação artística de um planeta deslizando sobre a superfície de sua estrela
Ilustração: Reprodução/K. Miller e R. Hurt (Caltech/Ipac)

Uma estrela passa a maior parte de sua vida fundindo hidrogênio em hélio. Esta e outras reações químicas semelhantes liberam energia que compensam a pressão gravitacional, evitando que as camadas externas da estrela comecem a colapsar em direção ao núcleo.

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Mas uma hora a estrela fica sem combustível para estas reações – e não consegue vencer a gravidade. Então, ela se contrai, e sua temperatura e pressão aumentam. Depois, se expande para até um milhão de vezes seu tamanho original, engolindo qualquer matéria que esteja por perto. Inclusive planetas vizinhos.

Agora, astrônomos flagraram uma morte planetária desse tipo pela primeira vez. Os responsáveis pela descoberta são pesquisadores do MIT, da Universidad Harvard e do Caltech, nos Estados Unidos, que publicaram a descoberta na última quarta (3), na revista Nature.

O autor principal do estudo, Kishalay De, avistou a explosão em maio de 2020 com instrumentos do Observatório Palomar, na Califórnia. O flash de luz vinha de uma estrela localizada a 12 mil anos-luz da Terra, perto da constelação de Aquila, que se tornou centenas de vezes mais brilhante em apenas 10 dias. 

Na época, De estava procurando sinais de erupção em sistemas de duas estrelas, que orbitam uma à outra. Ele estranhou o que encontrou. “Foi diferente de qualquer explosão estelar que eu já tinha visto na minha vida”, disse, em comunicado. Esse era o primeiro indício da catástrofe cósmica.

Os pesquisadores primeiro suspeitaram de uma fusão estelar, em que uma estrela absorve outra em sua órbita. Mas dados adicionais do Observatório Keck, no Havaí, colocaram a teoria em xeque. Os telescópios de lá fazem medições espectroscópicas, que mostram a composição química de uma estrela. A maioria das fusões estelares expele hidrogênio e hélio, mas não houve sinal dos elementos no acontecimento de maio.

Então, a equipe recorreu a imagens de outros observatórios e analisou dados do telescópio espacial infravermelho da Nasa, Neowise. Assim, eles descobriram que a quantidade total de energia liberada pela estrela desde sua explosão inicial era surpreendentemente pequena – mil vezes menor do que em qualquer fusão estelar já observada.

“Isso significa que tudo o que se fundiu com a estrela deve ser mil vezes menor do que qualquer outra estrela que vimos”, explicou De. “E é uma feliz coincidência que a massa de Júpiter seja cerca de 1/1.000 da massa do Sol. Foi quando percebemos: era um planeta colidindo com sua estrela.”

Nosso futuro será o mesmo: quando o Sol chegar ao mesmo estágio que a estrela avistada, ele aumentará de tamanho suficientemente para engolir Mercúrio, Vênus e a Terra. Mas fique tranquilo: isso só deve acontecer daqui a 5 bilhões de anos.

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