O que se sabe sobre a atiradora que invadiu a sede do YouTube

Uma mulher invadiu a sede do YouTube em San Bruno, na Califórnia, nesta terça-feira (3) e atirou em três pessoas, matando-se na sequência. Duas das três vítimas, um homem de 36 anos e uma mulher de 32, estão em situação grave. Todas elas estão no Hospital Geral de San Francisco. A mulher autora dos disparos […]

Uma mulher invadiu a sede do YouTube em San Bruno, na Califórnia, nesta terça-feira (3) e atirou em três pessoas, matando-se na sequência. Duas das três vítimas, um homem de 36 anos e uma mulher de 32, estão em situação grave. Todas elas estão no Hospital Geral de San Francisco.

A mulher autora dos disparos foi identificada como Nasim Aghdam, de 39 anos. Ela tinha ao menos quatro canais no YouTube — em inglês, turco e também na língua persa; um outro canal era dedicado ao artesanato.

Em um site aparentemente ligado à conta de Nasim no Instagram (já deletada), a atiradora reclama de sabotagem por parte do YouTube, apontando queda na quantidade de visualizações e baixa monetização por seus vídeos.

Um dos canais de Nasim somava mais de 4,5 milhões de visualizações (Divulgação/nasimesabz.com)

Com uma série de imagens, ela mostra a queda de views e questiona a remuneração de seu canal: “Minha receita para 300 mil visualizações é US$ 0,10?” Segundo a emissora NBC Bay Area, Nasim também acusava o site de impor restrições de idade a um de seus vídeos de malhação, enquanto vídeos de celebridades como Nicki Minaj e Miley Cyrus, que ela acreditava serem impróprios para menores, eram mantidos.

Segundo a agência de notícias AP, o pai de Nasim, Ismail Aghdam, havia ligado, na segunda-feira (2), para a polícia para relatar o desaparecimento da filha, que não atendia ao telefone por dois dias, e alertou que ela poderia ir até o escritório do YouTube. De acordo com Ismail, Nasim odiava o YouTube e estava brava pelo fato de o site deixar de remunerar seus vídeos.

Na madrugada de segunda para terça-feira, policiais encontraram-na dormindo em seu carro, em Mountain View, a cerca de 48 quilômetros da sede do YouTube. Os guardas liberaram-na depois de a mulher se recusar a responder às suas perguntas. Katie Nelson, porta-voz da polícia, disse que Aghdam não parecia ser uma ameaça para si mesma ou para outras pessoas.

O ataque

De acordo com relatos de funcionários do YouTube, Nasim Aghdam estava em um pátio, do lado de fora do campus do YouTube. Dianna Arnspiger relembra que estava no segundo andar do prédio quando ouviu tiros, dirigiu-se a uma janela e viu a atiradora. “Era uma mulher e ela estava disparando sua arma. Eu apenas disse ‘atiradora’, e todo mundo começou a correr”, descreveu à AP. Arnspiger e outros funcionários então se esconderam em uma sala de conferências, enquanto outro empregado ligava para a emergência para atualizar as autoridades sobre a situação.

Zach Vorhies, engenheiro sênior de software do YouTube, também estava no segundo andar de um dos prédios e, ao ouvir o alarme e se aproximar do pátio, cuja entrada é aberta ao público, viu Nasim gritando: “Vem me pegar”.

Chegando ao local, os policiais encontraram uma das vítimas com um ferimento de bala e, minutos depois, acharam a própria atiradora no chão, também atingida por um tiro, que parecia ter sido autoinfligido.

Ativismo na rede

“Uma atleta vegana e a mais conhecida e famosa ativista de direitos dos animais na Pérsia, promovendo o veganismo e o estilo de vida saudável e humano”

Era assim que Nasim Aghdam se descrevia no YouTube. A californiana de origem iraniana possuía pelo menos quatro canais no site, em que se dedicava a suas causas com vídeos de malhação, críticas às autoridades e à cultura popular, de promoção do veganismo e denunciando a crueldade contra animais, entre outros.

Nasim Aghdam se definia como defensora dos direitos dos animais (Divulgação/nasimesabz.com)

Todos seus perfis no YouTube, assim como em outras redes sociais, como Facebook e Instagram, foram deletados nesta terça-feira.

O rescaldo

Como é de costume após casos de atiradores , as redes sociais foram inundadas de notícias falsas a respeito do ataque e de sua perpetradora. Tanto é que o Twitter, por exemplo, teve até mesmo que se pronunciar, por meio da conta @TwitterSafety, anunciando como agiria e afirmando estar “ciente das tentativas de algumas pessoas de enganar outras com desinformação em torno dessa tragédia. Estamos acompanhando isso e agindo em cima de qualquer coisa que viole nossas regras”, concluindo que combateria “conteúdo que pretenda incitar dano contra uma categoria protegida ou cometer abuso contra outros, como destacado em nossas regras sobre conduta de ódio e comportamento abusivo”.

O sentimento no YouTube e no Google após o incidente foi o de praxe em situações como essa. A CEO do site de compartilhamento de vídeos, Susan Wojcicki, tweetou que “nossos corações estão com todos aqueles feridos e impactados”, além de afirmar que todos “se juntariam para se curar como uma família”.

“Hoje, parece que toda a comunidade do YouTube, todos os funcionários, foram vítimas desse crime”, disse Chris Dale, porta-voz do site de vídeos.

[AP]

Imagem do topo: Divulgação/nasimesabz.com

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