Ciência

Bebês que cochilam muito podem ter vocabulário menor e cognição mais lenta

Sono diurno é um indicador do desenvolvimento cognitivo e bebês que dormem mais precisam de mais tempo para consolidar informações
Imagem: Ryan Stone/ Unsplash/ Reprodução

Entre recém-nascidos, cochilar é uma atividade corriqueira que ocupa quase o dia todo. No entanto, ainda é preciso saber dosar as sonecas. Um novo estudo revelou que bebês que tiram mais cochilos têm vocabulários menores e habilidades cognitivas mais frágeis.

Dessa forma, a pesquisa enfatiza a importância de compreender a idade mental de uma criança para avaliar suas necessidades de sono. Os resultados foram publicados na revista JCPP Advances.

Entenda a pesquisa

A equipe de pesquisa estudou 463 bebês entre oito meses e três anos. Em geral, os cientistas entrevistaram os pais das crianças. As perguntas abordaram os padrões de sono de seus filhos, a capacidade deles de se concentrar em uma tarefa e manter informações na memória. 

Além disso, os pesquisadores se atentaram ao número de palavras que os bebês entendiam e conseguiam dizer.

Para compreender o contexto socioeconômico e as influências do ambiente em que vivem, a pesquisa também analisou renda e educação dos pais, a quantidade de tempo de tela e atividades ao ar livre da criança.

O que eles descobriram é que a estrutura do sono diurno é um indicador do desenvolvimento cognitivo

“Bebês com cochilos mais frequentes, mas mais curtos do que o esperado para sua idade, tinham vocabulários menores e pior função cognitiva”, explicou Teodora Gliga, autora do estudo, ao SciTechDaily.

Dessa forma, foi possível associar vocabulário e frequência de cochilos. Segundo os pesquisadores, essa relação negativa é mais forte em crianças mais velhas.

A influência do isolamento social durante a pandemia

A pesquisa foi realizada durante o primeiro ano de isolamento social da pandemia de Covid-19, em 2020. Isso aconteceu porque, para os pesquisadores, este período dava a oportunidade de estudar as necessidades de sono intrínsecas das crianças.

Em geral, os bebês raramente cochilam tanto quanto precisam porque as atividades cotidianas dos pais e, muitas vezes, a ida à creche atrapalham o sono. No entanto, durante o isolamento social, não havia essas perturbações às sonecas.

“Embora a maioria dos pais nos tenha dito que o sono de seus filhos não foi afetado pelo lockdown, pais de origens socioeconômicas mais baixas eram mais propensos a relatar uma piora no sono”, contou Gliga. 

O tempo de cada um

Contudo, muitos aspectos devem ser levados em consideração. Por isso, não basta diminuir os cochilos dos bebês na tentativa de mantê-los mais despertos.

De acordo com a pesquisa, algumas crianças podem parar de cochilar mais cedo porque não precisam mais. Em geral, elas são mais eficientes na consolidação de informações durante o sono, então cochilam com menos frequência.

Outras podem precisar cochilar até após os três anos de idade. Dessa forma, reduzir os cochilos para essas crianças não melhorará o desenvolvimento cerebral

“Os cuidadores devem usar a idade mental da criança e não a idade cronológica para determinar as necessidades de sono da criança”, concluiu Gliga.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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