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Bitcoin ultrapassa a marca dos mil dólares. Mas o que isso significa?

Este ano, todos os holofotes se voltaram para o Bitcoin. A moeda virtual ganhou enorme destaque após a queda do Silk Road, maior site anônimo de venda de drogas, que só aceitava pagamentos em Bitcoin. Desde então, o preço explodiu: em outubro, a cotação passou dos US$ 200; e hoje, ela já está acima dos […]

Este ano, todos os holofotes se voltaram para o Bitcoin. A moeda virtual ganhou enorme destaque após a queda do Silk Road, maior site anônimo de venda de drogas, que só aceitava pagamentos em Bitcoin. Desde então, o preço explodiu: em outubro, a cotação passou dos US$ 200; e hoje, ela já está acima dos US$ 1.000.

Este preço já subiu (e despencou) diversas vezes, mas nunca teve uma alta tão consistente como a que estamos vendo. Essas flutuações deixam a seguinte dúvida: o Bitcoin está passando por uma bolha especulativa, ou ele é instável – e portanto impossível de se usar como moeda no longo prazo?

O Bitcoin (ou BTC) é uma moeda curiosa. Assim como o real ou o dólar, ela não tem valor intrínseco. Mas ao contrário delas, seu valor não depende da confiança no governo e nos bancos de um país – depende de um algoritmo.

Os Bitcoins são criados em uma escala pré-definida: apenas 21 milhões serão “garimpados” e liberados até 2040. E quanto mais moedas estão disponíveis, mais difícil fica garimpá-las. (É um sistema estranho, e explicamos aqui como ele funciona.) Dessa escassez nasce o valor do Bitcoin.

Como discutimos antes, esta moeda virtual tem como vantagens sua descentralização e liberdade. Em tese, se a economia de um país entrar em colapso, o Bitcoin continuaria quase que sem restrições – já que seu valor não depende do governo. E pelo mesmo motivo, ninguém pode proibir você de transferir BTC para quem você quiser – como o Wikileaks, ou um site de drogas.

Especulação

O Bitcoin parece prometer uma utopia tecnológica que dribla bancos e governos usando o poder da internet. Mas, ao quebrar a barreira dos US$ 1.000, há o outro lado: a pura e simples especulação, que pode jogar esse valor para baixo no futuro. Essa instabilidade dificulta usá-lo como uma moeda de verdade.

O jornalista Adrian Chen, que acompanha o Silk Road há anos e já cobriu o assunto diversas vezes, está cético exatamente por este motivo. Ele diz no New York Times:

… há um aspecto curioso nessa moeda. O Bitcoin é baseado em uma mistura estranha entre uma ganância especulativa das antigas, reforçada por uma ideologia utópica ciberlibertária contemporânea. Alguns dizem que o bitcoin é a moeda do futuro. Eu diria que o fenômeno é uma corrida de ouro digital perfeitamente emblemática do presente… O Bitcoin depende muito da mania especulativa para servir como moeda de uso prático.

Por enquanto, o uso dos Bitcoins é limitado. Além dos usos ilegais, é possível adquirir bens digitais (como e-books ou músicas), serviços (WordPress e Mega) ou até uma passagem para o espaço da Virgin Galactic. Mas o processo de adquiri-las ainda não é amigável para iniciantes.

O Bitcoin ainda não é fácil (ou prático) de se usar como moeda, e boa parte foi adquirida por especuladores. Há fundos de investimento em Bitcoins! E como explica a Foreign Policy, isso é um problema:

Se as casas de câmbio não estão interessadas em serem regulamentadas, ou não tiverem recursos para tanto, será difícil para o Bitcoin amadurecer e se tornar uma moeda amplamente utilizada. Nicholas Colas, estrategista-chefe de mercados no ConvergEx Group, estima que a maioria dos compradores de Bitcoin – chegando a 90% – são investidores, em vez de pessoas que pretendem usá-lo como moeda para comprar e vender coisas. Se uma moeda não é usada, ele não tem nenhum valor. Não é como uma ação ou título que está ligado ao valor de uma empresa.

Mas há quem compre a moeda agora, depois de várias histórias em que pessoas ficaram milionárias com o Bitcoin (ao adquiri-lo bem antes de ele se tornar famoso). É o que Chen descreve como “medo de ficar por fora” – e a internet ajuda a potencializar esse efeito.

Outros problemas

Hoje em dia, é difícil para um novato usar o próprio computador para minerar BTC. Elas são “garimpadas” ao se resolver complicados problemas matemáticos, o que requer supercomputadores – que acabam se tornando perfuradoras digitais. Há empresas dedicadas a vender caros supercomputadores para isso, com chips especiais (ASICs) para acelerar a garimpagem.

Mas o Bitcoin corre risco por ser alvo de investigações do governo americano, especialmente após o fim do Silk Road. Além disso, por ser puramente digital, o Bitcoin sofre com ameaças digitais: por exemplo, um ataque DDoS a casas de câmbio como o Mt. Gox podem fazer o valor da moeda despencar.

Com a maior demanda, o preço inevitavelmente aumenta muito, já que a oferta de bitcoins é limitada. Mas está claro que o bitcoin está passando por um momento de especulação. E como diz Adrian Chen, “a queda será ótima” de se ver. [Blockchain via The Verge; NYT; Foreign Policy]

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