Menos de um dia após o presidente da Blizzard Entertainment, J. Allen Brack, anunciar que está de saída da empresa, mais um nome do alto escalão deixou de compor o quadro de funcionários da companhia. Desta vez, Jesse Meschuk, vice-presidente sênior de recursos humanos para a Blizzard e Activision Blizzard, é quem não trabalha mais para a corporação. Há cerca de duas semanas, a empresa virou alvo de uma investigação movida pelo estado da Califórnia (EUA) por assédio e má conduta no ambiente profissional.
As informações foram divulgadas pela Bloomberg e confirmadas à PC Gamer por um porta-voz da Activision Blizzard. Meschuk deixou a empresa “nesta semana”, mas detalhes sobre sua saída não foram revelados. O executivo comandava o departamento de RH que, segundo um relatório da Axios, tinha práticas “disfuncionais” e trabalhava para encobrir abusos dentro da companhia. O documento ainda detalha relatos de atuais e ex-funcionários, que contam que o setor de recursos humanos “protegeu ativamente” os abusadores.
Em um dos casos, uma ex-funcionária chamada Nicki Broderick disse ter denunciado seu gerente depois que eles tiveram uma discussão e o líder impediu que ela saísse de sua sala. Broderick declarou ter se sentido retaliada pela companhia, e que o representante de RH da Blizzard não culpou, nem penalizou o gerente. “Eu não recebi nenhum projeto novo. Não fui considerada para ser promovida três anos depois do incidente”, disse Broderick.
Outros ex-funcionários da empresa também disseram aos veículos que o departamento de RH tinha protocolos confusos para relatar problemas, além de não adotar procedimentos adequados para documentar os abusos denunciados. Na verdade, o setor de pessoas enfrentava tanta rotatividade de funcionários que o departamento por inteiro acabava sobrecarregado.
Blizzard é processada pelo governo da Califórnia
O processo movido contra a Activision Blizzard veio a público em julho, quando o Departamento de Emprego e Habitação da Califórnia acusou a empresa por casos de agressão, assédio sexual e manter um ambiente hostil contra funcionárias mulheres, que não têm as mesmas oportunidades de promoção e recebiam salários desiguais quando comparadas aos trabalhadores do sexo masculino.
O governo da Califórnia acusa a companhia de criar uma cultura de “assédio sexual constante” e discriminação de gênero. Muitas funcionárias disseram que eram submetidas a comentários sexuais, cantadas e outras formas de abuso. Para piorar, alguns líderes em cargos de confiança incentivavam os empregados homens a cometer tais crimes. No processo, também há citação de uma funcionária que teria cometido suicídio após sofrer assédios.