A Boeing submeteu sua proposta para NASA de um conceito de módulo lunar para a próxima missão da NASA em direção à Lua, e a companhia promete com sua proposta que o processo ocorrerá com o “mínimo de passos” possíveis.
Sob ordem do presidente Donald Trump, a NASA está trabalhando para levar astronautas dos EUA à Lua em 2024. Desde setembro, a agência espacial tem aceitado propostas de um sistema para pouso lunar para ser usado neste programa, chamado Artemis.
Até o momento, a NASA recebeu apenas uma proposta formal, no caso uma colaboração entre a Blue Origin, de Jeff Bezos, Lockheed Martin e Northrop Grumman. A SpaceX também está trabalhando em algo, mas nada formal foi tornado público. Agora podemos adicionar outro concorrente, já que a Boeing enviou uma proposta nesta semana para um sistema integrado de aterrissagem humana (Human Lander System ou HLS, em inglês).
Os principais aspectos da proposta incluem um único lançamento via SLS (Sistema de Lançamento Espacial) — que também está sendo desenvolvido pela Boeing —, um módulo de aterrissagem integrado que encontrará com os astronautas na órbita lunar, e um estágio de descida capaz de se libertar independentemente da órbita lunar até a superfície.
Segundo a Boeing, o lançamento único do SLS (Sistema de Lançamento Espacial) do elemento de descida e de subida tem como objetivo otimizar a missão e melhorar a segurança da tripulação. A empresa aeroespacial diz que seu plano exigirá cinco “eventos críticos” em oposição a 11 ou mais, conforme especificado nos planos concorrentes.
Dito isso, o plano da Boeing dependa da conclusão do SLS Block 1B (uma versão do SLS que será usada em dois propulsores de foguete de cinco elementos), que está atualmente em desenvolvimento na Michoud Assembly Facility, uma fábrica da NASA em New Orleans (Louisiana), nos EUA.
Quando solicitado a comentar se o Falcon Heavy da SpaceX poderia servir como um substituto adequado, um porta-voz da Boeing disse ao Gizmodo que isso não deve acontecer. O Falcon Heavy “tem uma capacidade de elevação muito menos que o SLS Block 1B”, disse o porta-voz. “Nosso design HLS reduz o risco, mantendo o módulo de aterrissagem em uma peça para um único lançamento, em vez de dividí-lo em partes menores para caber em lançadores pequenos”, acrescentando que os riscos da missão seriam aumentados se pequenos segmentos fossem lançados em várias missões, exigindo que o módulo de aterrissagem possa ser montado no espaço.
“Adotamos uma estratégia de ‘menos passos possíveis na Lua”, porque foi aí que a engenharia nos levou”, disse um porta-voz. “Essa abordagem também tem sido um princípio orientador para o sucesso do voo espacial humano. Isso significa usar o foguete mais capaz, o que significa o nosso SLS (Space Launch System).”
Bem, um “foguete mais capaz” que tecnicamente não existe ainda, né? O programa SLS está lamentavelmente atrasado, com o seu lançamento inaugural previsto para 2021.
O plano da Boeing também acrescentaria alguma flexibilidade à missão Artemis, sem mencionar possíveis economias de custos, já que os astronautas poderão partir para a superfície lunar a partir do Lunar Gateway (que é o plano atual) ou da sonda Orion, da NASA. Isso significa que o Gateway Lunar proposto de US$ 504 milhões — um posto avançado ainda a ser construído em órbita lunar — não é um requisito essencial para o programa Artemis. Essa estratégia permitirá “o caminho mais rápido para os voos lunares, ao mesmo tempo em que fornece uma plataforma robusta que pode executar toda a gama de missões de exploração da NASA”, de acordo com a Boeing.
Outro benefício importante da estratégia da Boeing é que o estágio de descida seria capaz de se transportar independentemente da órbita lunar para a superfície sem exigir um terceiro estágio adicional, com um rebocador espacial.
Para desenvolver o sistema HLS, a Boeing vai contar com as tecnologias desenvolvidas para a espaçonave CST-100 Starliner, incluindo motores, materiais e o sistema automatizado de pouso e ancoragem (a Starliner é semelhante à espaçonave Orion da NASA, e será capaz de transportar tripulações de até sete pessoas). O primeiro avião de pouso da Boeing usaria propulsor hipergólico e seria de uso único, de acordo com o porta-voz da Boeing, o que significa que o elemento de descida permanecerá na superfície lunar. Olhando mais para as futuras missões Artemis, os pousos posteriores da Boeing “usarão outras fontes de combustível e incluirão elementos reutilizáveis”, afirmou o porta-voz.
Desnecessário dizer que tudo isso depende de qual companhia a NASA vai escolher para construir o módulo de aterrissagem da Artemis, uma decisão que devemos esperar ainda alguns meses para saber qual será selecionada.