Brasil não vetará participação da Huawei no 5G brasileiro, diz Mourão

Os EUA proibiram empresas americanas e entidades do governo de fazer negócios com a Huawei, citando preocupações com a segurança nacional como motivo para a decisão. O Brasil, no entanto, não vai tomar uma decisão parecida com essa. Quem diz isso é o vice-presidente Hamilton Mourão. Em entrevista ao Valor, Mourão comentou também que Donald […]
Vice-presidente Hamilton Mourão dá entrevista para canal espanhol de TV durante visita a Pequim, China. Foto: Adnilton Farias/VPR via Flickr

Os EUA proibiram empresas americanas e entidades do governo de fazer negócios com a Huawei, citando preocupações com a segurança nacional como motivo para a decisão. O Brasil, no entanto, não vai tomar uma decisão parecida com essa. Quem diz isso é o vice-presidente Hamilton Mourão.

Em entrevista ao Valor, Mourão comentou também que Donald Trump, presidente dos EUA, citou a questão da Huawei no encontro que teve com Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, em encontro realizado há alguns meses. Como observa o jornal, é a primeira vez que “uma alta autoridade brasileira reconhece publicamente que o tema foi levantado” na ocasião.

Mourão justificou a posição citando o atraso brasileiro em termos de desenvolvimento tecnológico. O vice-presidente mencionou a falta de sinal de celular a 50 km de Brasília e o marco regulatório das telecomunicações, da década de 1990 — A Lei Geral de Telecomunicações atualmente em vigência é de 1997, e há discussões no Congresso para um novo marco desde 2015. Ele também diz que o próprio Bolsonaro não falou sobre vetar a empresa chinesa.

Veja as respostas de Mourão ao Valor sobre o assunto Huawei:

Valor: Alguns países, por influência dos EUA, decidiram banir a Huawei. O sr. acha que essa é uma conversa pertinente para o Brasil?

Mourão: Eu sei que o presidente Trump alertou o presidente Bolsonaro, naquela visita [a Washington em março], sobre a Huawei. Alertou-o sobre a Huawei. E, quando eu tive a oportunidade de conversar com o presidente da Huawei lá na China, disse para ele: “Olha, vocês têm que criar um ambiente de confiança na empresa. De modo que nenhum país que vá receber a empresa e a tecnologia que vocês vão instalar fique preocupado com que todos os dados que estarão no seu poder pertencerão também ao governo [chinês]”. Esta é a discussão.

Valor: O sr. particularmente tem esse receio? Porque a gente vai ter a licitação do 5G em 2020…

Mourão: Hoje eu não tenho esse receio. Eu não tenho dados para lhe dizer que estão cometendo isso. Seria uma leviandade minha dizer que isso está acontecendo.

Valor: Então, não há nenhuma ideia por ora de banir a Huawei?

Mourão: Não, não. Aqui não. No nosso governo não tem. O presidente não falou isso para mim em nenhum momento. Nós somos um país que precisa, somos um país muito pouco integrado digitalmente. Você sai daqui de Brasília, anda 50 km na estrada e não fala mais no telefone. Temos um marco de telecomunicações que é da década de 1990. Ele não atende mais. As operadoras têm que expandir a rede, mas elas são obrigadas a investir em telefonia fixa, orelhão. Tem que mudar o marco.

Grande parte da entrevista trata da visita do vice-presidente à China em maio e das relações econômicas entre os dois países.

Os EUA pressionam aliados para que eles também vetem o uso de equipamentos da Huawei. O Valor menciona Austrália, que faz parte do Five Eyes, e Japão como exemplos. A Alemanha também foi pressionada — os americanos ameaçaram deixar de compartilhar informações de setores de inteligência com o país europeu.

Vale lembrar, no entanto, que outras decisões podem partir do presidente Bolsonaro, que tem um histórico de declarações contra o país asiático, apesar de ter tomado uma posição mais moderada nos últimos meses.

[Valor]

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