O brasileiro gosta mesmo é de monitorar o cônjuge via stalkerware
Parece que não são só as empresas que estão interessadas em espionar a sua atividade online e offline. Um novo estudo mostra que é bom ficar de olho nas pessoas próximas a você que, por algum motivo, querem saber o que você anda fazendo, inclusive o Brasil é um dos destaques no ranking dos países que mais utiliza este artifício.
A empresa de cibersegurança Kaspersky revelou que de janeiro a agosto de 2019 foram contabilizados um total de 518.223 casos em que a empresa identificou a presença de um aplicativo stalkerware em um dispositivo Android ou detectou uma tentativa de instalação. Isso corresponde a um aumento de 373% em relação ao mesmo período no ano passado.
Esses softwares permitem que uma pessoa tenha acesso às mensagens, fotos, redes sociais, e localização do proprietário do dispositivo, além de ser capaz de até mesmo gravar áudios e vídeos utilizando a câmera do celular infectado.
O mais assustador é que os programas são executados em segundo plano, mantendo-se ocultos e podendo ser instalados sem o conhecimento ou consentimento da vítima. Conforme aponta a Kaspersky, esses aplicativos geralmente são promovidos como ferramentas para espionar o(a) parceiro(a).
A Rússia concentrou o maior número de casos, correspondendo a 25,6% dos usuários afetados globalmente. A Índia ficou em segundo lugar com 10,6%; o Brasil em terceiro, com 10,4%; e os Estados Unidos em quarto, com 7,1%.
Em relação ao número de incidentes (bem-sucedidos e bloqueados) no Brasil, houve um aumento de 228% comparado a 2018. Nos primeiros oito meses de 2019, 37.532 usuários únicos foram alvo de pelo menos uma tentativa de instalação de stalkerware, e o número de bloqueios foi de 4.041.
Além do crescimento no número de casos, também houve uma maior oferta de variações de stalkerware em 2019, totalizando 380. Em 2018, foram identificadas 290 variações.
Os softwares maliciosos podem ser instalados de forma manual – como geralmente ocorre e implica que a pessoa tenha acesso ao dispositivo da vítima – ou remotamente por meio de e-mails com links ou anexos que, quando clicados, iniciam o download do app sem que o usuário perceba.
Em comunicado da Kaspersky, Erica Olsen, diretora do projeto Safety Net Project na National Network to End Domestic Violence, alerta para os riscos de segurança que os stalkerwares representam:
“Quando desenvolvido para operar completamente em modo furtivo, ou seja, sem nenhuma notificação ao proprietário do dispositivo, este programa fornece a agressores e assediadores uma ferramenta completa para cometer assédio, monitoramento, perseguição e abusos. Esse tipo de experiência pode ser aterrorizante, traumatizante e ainda levar a riscos significativos à segurança. É importante tratar tanto a disponibilidade destes aplicativos quanto seu uso como uma ferramenta de abuso”.
Para se proteger contra a instalação indesejada de aplicativos stalkerware, a Kaspersky recomenda bloquear a instalação de programas de origem desconhecida nas configurações do smartphone, e utilizar soluções de segurança que possam identificar e alertar sobre a presença de programas de espionagem.
Outras precauções básicas incluem nunca revelar a senha ou PIN do seu dispositivo, mesmo para pessoas próximas a vocês; verificar a lista de apps para descobrir se há algum programa suspeito; não guardar arquivos ou aplicativos desconhecidos no seu aparelho; e, ao sair de um relacionamento, alterar todas as configurações de segurança do seu dispositivo.
Também reunimos aqui outras recomendações de como saber se seu cônjuge instalou algum app para te espionar.