O astro estava afastado dos holofotes há mais de uma década, e superou grandes nomes que estavam indicados na mesma categoria, como Austin Butler (“Elvis”), Colin Farrell (“Os Banshees de Inisherin”), Paul Mescal (“Aftersun”) e Bill Nighy (“Living”).
Em seu discurso emocionante, Brendan agradeceu o cineasta Darren Aronofsky e a A24 — produtora responsável pelo longa. “Obrigado à Academia e à A24 por fazer um filme tão ousado. Agradeço a Darren Aronofsky. Eu estava no deserto e provavelmente deveria ter deixado um rastro de migalhas, mas você me encontrou. E como todos os melhores diretores, você apenas me mostrou aonde ir para chegar onde eu precisava estar”, pontuou.
“Esse [filme] foi escrito por Samuel D. Hunter, que é nosso farol. Cavalheiro, você revelou seus corações do tamanho de uma baleia para que pudéssemos ver suas almas como ninguém mais poderia fazer. É uma honra ser nomeada ao seu lado nesta categoria. Quero dizer a você que apenas as baleias podem nadar na profundidade do talento de Hong Chau [companheiro indicado]”, disse Fraser.
O ator ainda mandou uma mensagem para as pessoas que vivem assim como seu personagem. “Se você, como o Charlie, que interpretei neste filme, de alguma forma luta contra a obesidade ou apenas sente que está em um momento obscuro, eu quero que você saiba que você também pode ter força para apenas se levantar e ir para a luz. Coisas boas vão acontecer”, explicou.
Fraser completou falando sobre sua carreira. “Comecei há 30 anos neste ramo e as coisas nem sempre foram fáceis, mas sempre tive uma facilidade que não apreciei o suficiente na época, até que deixei de ter. É como se eu tivesse feito uma expedição ao fundo do oceano e o ar chegasse até mim por um tubo, que meus filhos observavam”, finalizou. Veja o discurso:
O ator manteve uma liderança impressionante durante toda a temporada de premiações, começando com uma ovação de pé de 14 minutos durante a estreia mundial no Festival de Cinema de Veneza. Fraser também levou para casa estatuetas do Screen Actors Guild Awards e do Critics ‘Choice Awards.
Aos 54 anos, essa é também a primeira vez que Brendan Fraser recebe uma indicação ao Oscar. O artista ganhou destaque em Hollywood no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 com a franquia “A Múmia”. Ele também ficou conhecido por conta de filmes de aventura como “George, o Rei da Floresta” (1997) e “Viagem ao centro da terra” (2008).
Apesar do sucesso no início do século, Fraser ficou uma década sem papéis de destaque – seu último trabalho de peso foi em “O Negociador”, de 2011 – para cuidar da saúde. Ele teve que realizar uma série de tratamentos e cirurgias para as costas, joelhos e cordas vocais, o que dificultou os convites para papéis em filmes de ação.
Além disso, o ator lutou contra a depressão e ganhou peso após passar por um divórcio e problemas financeiros. Brendan Fraser também foi vítima de assédio em Hollywood. Foram 10 anos fazendo pequenos projetos, até receber o convite de protagonista em “A Baleia”.
Brendan Fraser como Charlie
“A Baleia” acompanha Charlie (Brendan Fraser), um professor de inglês recluso que vive com obesidade severa e luta contra um transtorno de compulsão alimentar. Na trama, ele adquiriu o hábito de comer compulsivamente após uma desilusão amorosa — algo que já começa a cobrar seu preço na saúde. O protagonista pesa mais de 200 Kg, não consegue sair do sofá, e está repleto de problemas emocionais.
Ele dá aulas online, mas sempre deixa a webcam desligada, com medo de sua aparência. Apesar de viver sozinho, ele é cuidado pela sua amiga e enfermeira, Liz (Hong Chau). Mesmo assim, convive diariamente apenas com a culpa, por ter abandonado Ellie (Sadie Sink), sua filha hoje adolescente que ele deixou junto com a mãe Mary (Samantha Morton) ao se apaixonar por um aluno.
Agora, ele busca se reconectar com a filha adolescente e reparar seus erros do passado. Para isso, ele pede para que Ellie vá visitá-lo sem avisar sua mãe e ela aceita, com o única condição de que ele a ajude a reescrever uma redação para a escola. Para estrelar o longa, Fraser precisou passar por uma transformação física. Ele revelou que usou 130 kg de próteses para interpretar um homem com obesidade mórbida.
A transformação radical rendeu, inclusive, o Oscar de melhor maquiagem ao filme “A Baleia”.
Rayane Moura, 26 anos, jornalista que escreve sobre cultura e temas relacionados. Fã da Marvel, já passou pela KondZilla, além de ter textos publicados em vários veículos, como Folha de São Paulo, UOL, Revista AzMina, Ponte Jornalismo, entre outros. Gosta também de falar sobre questões sociais, e dar voz para aqueles que não tem
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