Butantan recruta voluntários para estudos da ButanVac; veja como participar
O Instituto Butantan, ligado à Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, anunciou que segue recrutando voluntários para o ensaio clínico da fase 2 e 3 da vacina ButanVac. O imunizante contra a covid-19 tem produção 100% nacional e usa tecnologia que o instituto já domina.
Pessoas de quatro estados brasileiros e do Distrito Federal podem se inscrever para apoiar o desenvolvimento das doses. Em São Paulo, os municípios que recebem inscrições são Serrana, Valinhos, São Caetano e a capital.
No Rio de Janeiro, o município de Volta Redonda, além da capital. Há inscrições também em Recife e Brasília.
Os voluntários devem ter mais de 18 anos e já ter recebido quatro doses de qualquer imunizante contra a covid-19, além de ter condições médicas estáveis. As inscrições são feitas nos próprios centros participantes – você pode consultá-los aqui.
Andamento das pesquisas
A produção da ButanVac começou em abril de 2021. Em fevereiro de 2022, o Butantan concluiu a fase 1 dos estudos clínicos. Nessa etapa se realizam os testes do imunizante em um pequeno grupo de pessoas pela primeira vez.
O objetivo é entender sua segurança e identificar possíveis efeitos colaterais. Nesses resultados iniciais, os pesquisadores identificaram que, sim, a vacina é segura e induz a produção de anticorpos.
Na fase 2, a equipe de cientistas dá continuidade aos estudos clínicos com um grupo maior de voluntários. Segundo o Instituto, só depois das primeiras análises desta fase começarão os estudos de fase 3, com ainda mais pessoas e o mesmo perfil de participantes.
A fase 2 administra a vacina para determinar sua eficácia e estudar mais a fundo sua segurança. A fase 3 confirma a eficácia do imunizante, monitora efeitos colaterais, compara a vacina com similares e coleta mais informações. O objetivo é permitir que, lá na frente, a ButanVac seja usada com segurança.
Diferencial da ButanVac
O principal componente da Coronavac, vacina contra a covid-19 que o Butantan já produz e distribui pelo país, é o vírus inativado. Já a Butanvac usa a tecnologia de vetor viral, como as vacinas de Oxford e Janssen.
Ela usa o vírus da Doença de Newcastle, que afeta apenas aves, como vetor. Os pesquisadores modificam o vírus em laboratório para ele carregar a proteína spike do Sars-CoV-2. É ela que permite ao vírus penetrar em nossas células e causar a infecção.
Ao receber a vacina com este material, nosso organismo poderia fabricar anticorpos contra esta estrutura – desenvolvendo imunidade ao vírus da covid-19.
Como o vírus da Doença de Newcastle infecta aves, o Butantan pode injetá-lo em ovos embrionados para multiplicá-lo – processo que já utiliza para fabricar a vacina da gripe comum. O instituto afirma que essa técnica é barata e muito disseminada, e está por trás de 80 milhões de vacinas anuais da gripe.