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Califórnia acusa Activision Blizzard de destruir evidências em processo contra a empresa

Autoridades locais que investigam a cultura de abuso e assédio da empresa também dizem que funcionários estão sendo silenciados.

Imagem: Marco Verch/Flickr

Imagem: Marco Verch/Flickr

O processo iniciado pelo estado da Califórnia, nos Estados Unidos, contra a Activision Blizzard segue a todo vapor, e tudo indica que as coisas devem ficar ainda maiores. Isso porque o Departamento de Trabalho Justo e Habitação (DFEH) da Califórnia entrou com uma nova reclamação afirmando que a desenvolvedora está dificultando a coleta de provas por autoridades locais, “suprimindo evidências” que podem comprometer ainda mais a companhia.

A informação foi vista primeiro pelo site Axios, e a queixa em questão trata-se de uma atualização no documento processual movido contra a Activision Blizzard em julho deste ano.

Em uma nova seção inserida pelo DFEH, o órgão governamental diz que a empresa responsável por títulos como Call of Duty e Overwatch está encorajando seus funcionários a falarem com representantes do escritório de advocacia WilmerHale, em vez de procurarem investigadores do estado da Califórnia. Os trabalhadores estariam sendo orientados a negar acesso a mais informações sobre a cultura de abuso que se instaurou por anos na Activision Blizzard.

Um fato importante: o WilmerHale é um dos escritórios de advocacia mais conhecidos nos EUA, mas não por bons motivos. É o mesmo que ajudou a Amazon a derrotar um sindicato de funcionários no Alabama que cobravam por melhores condições de trabalho. Inclusive, o WilmerHale tem ganhado fama de defender os interesses de grandes companhias que se recusam a propiciar um ambiente mais saudável paraíso empregados.

Além da acusação de silenciar seus trabalhadores, o DFEH também alega que a Activision Blizzard tentou obrigar seus funcionários a procurarem a companhia antes de serem submetidos a depoimentos junto a autoridades que estão investigando o caso. E os poucos que tinham essa “autorização” iam com um roteiro de respostas pronto, já que a empresa limitava a divulgação de informações que pudessem incriminá-la.

Por fim, o DFEH diz que “documentos relacionados a investigações e reclamações foram destruídos pelo setor de recursos humano”, em vez de serem retidos por autoridades envolvidas no processo.

Activision promete consertar erros do passado

Mesmo com as denúncias de abuso e assédio, a Activision Blizzard tentou seguir em frente. Se bem que isso é algo bastante relativo, uma vez que foram poucas as vezes que a companhia se pronunciou ativamente sobre o caso. Tanto é que a empresa continuou sua campanha de divulgação de Call of Duty: Vanguard, previsto para sair em novembro de 2021. Só que nem assim as coisas esfriaram e, na verdade, elas estão ganhando mais proporção.

Para tentar consertar as políticas de abuso que por anos reinaram na desenvolvedora — e após a saída de nomes proeminentes —, o CEO da empresa, Bobby Kotick, disse em julho que irá punir todos os responsáveis que de alguma forma estão “impedindo a integridade de nossos processos de avaliação de reclamações e imposição das apropriadas consequências”. Não é bem isso o que tem acontecido, uma vez que a Activision Blizzard não compartilhou nenhum documento que mostre a disposição da companhia para reverter todo esse caos.

Os planos atuais da desenvolvedora também envolvem a contratação de 2 mil novos funcionários para uma de suas maiores expansões. Contudo, a empresa enfrenta dificuldades para encontrar profissionais, justamente por conta dos problemas recentes.

[Axios, The Verge, Forbes, IGN]

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