Por que estes celulares e smartphones “revolucionários” fracassaram tão terrivelmente
Todo ano, as empresas de eletrônicos gostam de ostentar seus modelos de smartphones e mostrar todas as suas funções “revolucionárias” que vão fazer essa fatia de vidro e metal diferente da quase idêntica fatia de vidro e metal que já está em nossos bolsos.
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Às vezes, essas novas funções e esses telefones não são realmente revolucionários, mas, mais vezes do que parece, a história nos mostrou que, para cada Samsung Galaxy e iPhone, existe uma dezena de outros produtos com características que soam incríveis e que nunca deram certo. Aqui vão alguns dos desastres de telefone mais significativos de todos os tempos.
Nokia N-Gage (2003)
Em 2003, a Nokia ainda era uma das fabricantes de celular mais bem-sucedidas do mercado. Mas o mundo estava lentamente começando a caminhar para um espaço mais conectado. Dispositivos como o Danger SideKick e o Palm Treo estavam começando a mostrar a possibilidade dos telefones conectados à internet (smartphones). Ao mesmo tempo, os videogames portáteis estavam ficando cada vez mais potentes com o GameBoy Advance, e, graças ao iPod, todo mundo queria um tocador de MP3. Então, a Nokia teve uma ideia: e se existisse um dispositivo que juntasse todas essas coisas? Foi assim que surgiu o Nokia N-Gage.
Lançado em outubro de 2003, ele supostamente era um smartphone, um tocador de mídia e um videogame portátil. Infelizmente para a Nokia, ele falhou nos três. Já falamos o porque dele ser péssimo como videogame, então vamos começar com o formato. O N-Gage era moldado como um taco mexicano (daí seu apelido “o telefone taco”), o que pode funcionar para jogar videogames, mas tornava o uso do telefone bem difícil. Para conversar sem o fone de ouvido na primeira versão do telefone, os usuários tinham que colocar esse dispositivo com formato estranho do lado de suas cabeças. Memes sobre como isso era ridículo nasceram. E o tocador de mídia era bem limitado, sem a possibilidade de ir para frente ou para trás nas faixas, sem possibilidade de deixar uma música em repetição e sem suporte para playlists. Certamente, não era um competidor do iPod.
Por mais que tenhamos procurado, foi impossível achar alguém que fez um review e que tenha gostado do aparelho. Praticamente todo mundo concordou que essa foi uma má ideia. Mas a Nokia continuou tentando com o N-Gage, primeiro com um hardware atualizado, então com uma plataforma de videogames que ninguém usou. Finalmente, em 2009, a Nokia matou a marca. O editor-chefe do Gizmodo à época, Brian Lam, foi absolutamente brutal em seu adeus para o dispositivo, escrevendo: “espero que eu nunca mais tenha que ver você de novo”.
BlackBerry Storm (2008)
Se eu for sincero, eu poderia praticamente escrever um artigo inteiro sobre todas as tentativas “revolucionárias” de telefone da BlackBerry. Desde o Z10, com seu sistema operacional movido a gestos para o qual ninguém fez nenhum aplicativo, até o bizarramente projetado Passport, que era estranho em todos os níveis, ao Priv, que usava um Android que eu não daria para o meu pior inimigo, a BlackBerry sofreu vários tropeços ao longo dos anos. Mas seu maior desastre ainda é o BlackBerry Storm.
Em 2008, a BlackBerry ainda era uma das líderes mundiais no mercado de telefones, graças aos seus famosos telefones com teclado, como o Curve, o Pearl e o Bold, que foram adorados por milhões. Mas o iPhone estava crescendo rapidamente. Ele tinha aplicativos e jogos com os quais o BlackBerry podia apenas sonhar, e sua tela de vidro touchscreen foi um sucesso. Então a BlackBerry, em grande parte por causa da Verizon, decidiu criar seu próprio “destruidor de iPhone” com touchscreen. O Storm nasceu. Ele foi lançado nos Estados Unidos em 2008 com exclusividade da Verizon (estava disponível em outras operadoras no resto do mundo).
As brilhantes mentes em Waterloo, no Canadá, não estavam felizes em apenas fazer um BlackBerry com touchscreen, eles decidiram ajudar mantendo o teclado que milhões de usuários de BlackBerry amavam ao fazer a tela como algo que você possa apertar para que tenha uma sensação de tecla.
Nada funcionou muito bem. O antigo sistema operacional BBOS nunca foi realmente atualizado para funcionar com touch, e os mecanismos mecânicos atrás da tela que davam a sensação de tecla foram um desastre. Ah, e o telefone foi desenvolvido com tanta pressa que o software era incrivelmente bugado desde o começo.
Mas nada disso dissuadiu os fãs de BlackBerry, a princípio. Quando o respeitado colunista de tecnologia David Pogue, então no New York Times, fez uma examinação destruidora do telefone, ele recebeu emails de ódio de fãs do BlackBerry. O ataque foi tão intenso que Pogue precisou escrever uma coluna de resposta, que incluía alguns dos comentários mais raivosos dos defensores do BlackBerry.
“Eu tenho sérias dúvidas sobre a sua capacidade de avaliar tecnologia. E a dos seus amigos, já que estamos falando disso. Sim, o Storm tem uma ênfase diferente dos BlackBerries passados, mas ele vai continuar a vender como água.”
A história acabou provando que Pogue estava certo. O Storm foi um desastre (sua taxa de retorno supostamente foi muito alta), e ele ajudou a colocar a companhia na espiral de desastre da qual ela acabaria jamais se recuperando.
Amazon Fire phone (2014)
Antes do Fire Phone, a Amazon teve muito sucesso com hardware. Seus e-readers Kindle são de sua própria categoria, a linha Fire de pequenos tablets sempre foi uma alternativa boa e barata ao iPad, e o ecossistema da Fire TV é excelente. Dado esse caminho, as pessoas ficaram realmente empolgadas quando anunciaram o Amazon Phone.
Em 2014, depois de meses de antecipação e supostos cinco anos de desenvolvimento, a Amazon finalmente revelou sua versão de um dispositivo móvel, o Fire Phone. No papel, o telefone vinha carregado, incluindo cinco câmeras, um display 3D e um dispositivo hardware/software chamado Firefly, que podia identificar objetos para que você pudesse facilmente colocá-los no seu carrinho de compras.
Apesar das resenhas terem sido variadas, a maioria das publicações de tecnologia estava disposta a aceitar a empolgação. Veja o que os meus antigos colegas do Mashable tinham a dizer sobre o telefone depois do seu lançamento:
Com essa filosofia por trás, o Fire ajuda a Amazon a caminhar na trilha para virar a próxima Apple… Para o seguidor fiel da Amazon, o Fire completa a plataforma com o dispositivo mais potente e íntimo de todos, o que você carrega o tempo todo. Para os não-iniciados, é a droga de entrada mais poderosa que a companhia poderia ter feito.
Exceto que ele acabou não sendo uma droga de entrada, porque ninguém queria o telefone. Apesar de toda a empolgação nos blogs de tecnologia, os consumidores simplesmente não ligaram para os recursos “inovadores”. Pior ainda, por causa das políticas entre o Google e a Amazon, o FireOS não tinha acesso à Google Play Store, o que significa que o telefone não podia facilmente conseguir Google Maps, Gmail ou Google Docs.
A Amazon e a AT&T cortaram o preço de contrato do telefone de US$ 200 para US$ 0,99 depois de apenas seis semanas no mercado. A estratégia móvel da Amazon acabou sendo uma falta de planejamento tremenda, que custou mais de US$ 170 milhões para a empresa. Em 2015, um pouco mais de um ano depois de ter sido lançado, a Amazon finalmente acabou com o Fire Phone de vez. A Amazon disse que não tem planos de voltar ao mercado dos telefones móveis. Isso provavelmente é uma boa decisão.
HTC First, também conhecido como Telefone do Facebook (2013)
Começando em 2010 e então durante quase três anos, existiam rumores e especulações de que o Facebook estava planejando seu próprio telefone móvel. Com cada novo rumor e especulação, jornalistas e especialistas (incluindo eu) foram para os principais veículos falar sobre todos os motivos pelos quais fazia sentido para o Facebook ter seu próprio telefone. Mesmo antes de a empresa comprar o Instagram e o WhatsApp, o Facebook era o mais poderoso e mais popular aplicativo do iOS e do Android. Que forma melhor de seguir com a dominação mundial do que fazer o seu próprio “matador do iPhone”?
Então, em 2013, o Facebook finalmente fez isso. Ele lançou seu próprio telefone em parceria com a HTC, o HTC First. Só que, bizarramente, ele não era realmente um “telefone do Facebook”, mas um launcher Android feito pelo Facebook, que chamava Facebook Home.
A ideia é que você recebesse todas as mensagens de Facebook diretamente na sua tela inicial, rapidamente conversando com amigos usando algo chamado Chat Heads, e conseguisse notificações quase instantâneas sobre o que estava acontecendo ao seu redor. Parece divertido e útil certo?
Da resenha da Wired:
É bom ver que, depois de tantas tentativas falhas, o Facebook finalmente tenha conseguido entender os softwares móveis. Esperamos que eles não estraguem tudo.
Bom, você sabe como acabou. Parece que ninguém queria um launcher do Facebook em seu smartphone. Especialmente quando o smartphone em si era bem sem graça.
Quase um mês após o lançamento, a AT&T abaixou o preço do HTC First para US$ 0,99 (antes era US$ 99). Em um ano, o Facebook Home também tinha morrido (na verdade, o Facebook parou de ligar para ele assim que o HTC First deu errado), e o Facebook parou de tentar dominar a tela inicial para tentar copiar o Snapchat de todas as formas.
Microsoft Kin (2010)
Apesar de ser um dos primeiros grandes agentes no mundo dos smartphones com o Windows Mobile, a Microsoft nunca conseguiu ser tão grande na telefonia como é no desktop. Mas, com todos os erros da Microsoft com telefones, o pior deve ter sido o Microsoft Kin, que teve vida curta.
Nascido a partir da aquisição da Danger, a companhia por trás do popular SideKick, o Kin deveria ficar entre um smartphone e um telefone comum. Diferentemente de um smartphone de verdade, o Kin não tinha aplicativos, mas ele tinha acesso a redes sociais como o Twitter, o Facebook e o MySpace, assim como às redes internas da Microsoft de guardar vídeos e fotos.
Com uma campanha de marketing focada em hipsters, o Kin deveria ser um telefone moderno de mídias sociais. Mas ele tinha um sério problema: o preço.
No começo, poucas pessoas pensaram que a Microsoft pudesse lançar o Kin a um preço baixo sem precisar de um plano de dados caro de um smartphone. Ele podia capturar o mesmo segmento de mercado que tinha feito o SideKick ser tão popular no meio dos anos 2000. A Microsoft e a Verizon foram ingênuas quando deram o preço dos planos de dados. Mas, já que não era um smartphone de fato, muitos de nós acreditaram que o preço estava certo.
A Verizon e a Microsoft erraram completamente o preço, pedindo caros US$ 60 por mês para um plano de smartphone em um telefone que não era um smartphone de fato.
Ainda assim, eu escrevi positivamente sobre o potencial do telefone em um artigo em abril de 2010:
[O Kin] realmente é focado em adolescentes, especialmente os mais novos. E é por isso que o Kin pode ser brilhante.
Obviamente, acabou que eu estava completamente errada; os adolescentes não estavam interessados. Apenas seis semanas após o lançamento, a Microsoft matou o Kin. De acordo com o Business Insider, antes da companhia apagar as luzes, o telefone vendeu apenas 500 unidades. Brutal.
Depois do desastre do Kin, muito já vazou sobre a briga interna e a falta de estratégia que levou à morte prematura do telefone. Anos depois, vídeos internos mostrariam que, mesmo antes do lançamento, o Kin era um desastre esperando para acontecer.
Motorola Rokr (2005)
Em 2005, duas das marcas mais poderosas de eletrônicos eram a Apple e a Motorola. A Motorola era a real líder dos telefones normais, graças ao sucesso do Motorola Razr. E a Apple estava a caminho de se transformar na companhia mais valiosa do mundo, graças ao sucesso do iPod. Então, obviamente, uma fusão entre as duas companhias seria um sucesso.
O telefone resultante foi chamado de Motorola Rokr e foi o primeiro telefone com iTunes. O presidente da Motorola à época, Ed Zander, queria que o mundo realmente amasse o telefone, veja essa empolgação:
O Motorola ROKR representa a convergência final entre comunicação móvel e música. Fundindo o iTunes com a sua experiência de ter sempre o telefone com você, nós estamos revolucionando a forma como o mundo vivencia a expressão pessoal e o entretenimento móveis.
Uma pena que o telefone tenha fracassado em entregar essas promessas. Na verdade, os sinais eram ruins desde o começo. Em um evento de lançamento do iTunes, em que Steve Jobs apresentou o dispositivo ao mundo, ele teve dificuldades em fazer o Rokr funcionar direito (você pode ver o segmento inteiro no vídeo acima). Você pode praticamente ver a fumaça saindo de seus ouvidos quando a música não volta depois de uma ligação de telefone.
Além do software bugado, os usuários tinham um limite de armazenamento de apenas 100 músicas no dispositivo, independentemente de quanto espaço você tivesse no telefone. E o processo de colocar as músicas no telefone era insuportável. A Motorola tentou melhorar as coisas com versões futuras da linha Rokr, mas o dano estava feito. O telefone era uma bomba para a Motorola e uma vergonha para a Apple.
Por fim, o desastre do Rokr foi uma coisa boa. Se ele tivesse sido um sucesso, a Apple poderia ter ido mais devagar com seu outro projeto de telefone, internamente conhecido como M68, que acabou virando o iPhone.
AT&T Picturephone (1964)
Antes do Skype e do FaceTime, a AT&T estava tentando transformar a chamada em vídeo em uma realidade. Na verdade, por mais de 30 anos, a AT&T realmente tentou fazer a videotelefonia. Acabou sendo uma ótima demonstração tecnológica, mas também um dos desastres tecnológicos mais caros de todos os tempos.
O primeiro AT&T Picturephone fez sua estreia na Feira Mundial em Flushing Meadow Park, em 1964. A demonstração, que minha mãe viu quando era adolescente, deixou os visitantes empolgados com o futuro. Stanley Kubrick usou ideias do Picturephone em seu épico 2001: Uma Odisseia no Espaço.
Panfletos do produto da época prometiam “o ousado começo da telefonia do amanhã”. Infelizmente para a AT&T, que gastou meio bilhão de dólares em pesquisa e desenvolvimento para o PicturePhone entre 1966 e 1973, “amanhã” levaria 45 anos para chegar.
Em seu auge na década de 1970, a AT&T nunca conseguiu juntar mais de 500 pessoas em seu serviço de videotelefonia. Os custos eram muito caros, os produtos, grandes demais, e o valor ainda não era claro. As tentativas da AT&T de videotelefonia nos anos 1990 também falharam.
Em 2005, o Skype finalmente levou a videotelefonia para as massas, e de graça. Em 2010, a Apple lançou o FaceTime, que, finalmente, de verdade, trouxe a ligação em vídeo de duas vias através do seu telefone.
ESPN Phone (2005)
No meio dos anos 2000, existia uma bizarra moda quando companhias não relacionadas à telefonia começaram a tentar carreiras na telefonia móvel. Conhecidas como redes operadoras móveis virtuais (MVON em inglês), a ideia era que marcas podiam comprar concessões de operadoras sem fio estabelecidas para vender seus próprios telefones e serviços. Virgin Mobile, TracPhone e Cricket Wireless, todas começaram como MVONs.
Por algum motivo, a ESPN pensou que seria uma boa ideia entrar nessa e lançou o Mobile ESPN no começo de 2006 com uma imensa propaganda no Super Bowl (acima). A ESPN realmente acreditava que as pessoas pagariam US$ 400 por seu celular normal, um Sanyo MVP (um Sanyo!), junto com planos que começavam em US$ 35 por mês por somente 100 minutos de serviço, sem noites de graça ou fins de semana.
Por que alguém faria isso? Bem, a ESPN estava convencida de que os amantes dos esportes amavam tanto os esportes que eles pagariam um preço absurdo por um telefone meio lixo rodando em uma rede Sprint que daria alertas e novidades dos esportes. O telefone também oferecia aos assinantes acesso a vídeo móvel do SportsCenter, atualizações de pontos e destaques.
Por mais bobo que isso soe agora, alguns jornalistas de tecnologia compraram o conceito. Da resenha na PCMag que deu quatro estrelas para o telefone:
O ESPN MVP móvel é um telefone de voz muito bom, carregado de grandes quantidades de informações de esporte. Você vai pagar bastante por muitos dados, mas você viu o preço do ingresso dos Giants recentemente?
O público geral não concordou com a história de “pagar bastante por muitos dados”, e o telefone acabou sendo um enorme desastre.
Apenas nove meses depois de seu lançamento, a ESPN matou o Mobile ESPN. Na época, o BusinessWeek disse que, em 2006, a ESPN conseguiu apenas 30 mil assinantes, bem abaixo dos 500 mil de que eles precisavam para começar a faturar.
Em retrospecto, o então presidente da ESPN, George Bodenheimer, provavelmente deveria ter ouvido Steve Jobs, que, de acordo com o livro Those Guys Have All the Fun: Inside the World of ESPN, disse para ele que “o seu telefone é a ideia mais imbecil que eu já ouvi”.
Continue com o esporte, homem do esporte.
Samsung Galaxy Beam (2012)
A Samsung fez muitos telefones bons ao longo dos anos, tirando os Note 7s explosivos.Mas a Samsung também fez alguns telefones supostamente inovadores bem, bem burros. Por exemplo, o Samsung Galaxy Beam, que a companhia anunciou no Mobile World Congress de 2012. Ele era basicamente um Galaxy S Advance com um projetor pico acoplado.
A Samsung, na verdade, tentou fazer a coisa toda do telefone com projetor na Coreia alguns anos antes de levar uma versão para os Estados Unidos. Por algum motivo, a companhia realmente pensou que as pessoas usariam seus smartphones como uma forma de projetar conteúdo em baixa resolução em uma tela grande. A empresa até fez propagandas mostrando o pedido de casamento mais irreal de todos os tempos (acima).
A Samsung ficou sem fôlego com seu marketing para o telefone, com seu chefe de mobile, JK Shin, falando:
O Galaxy Beam oferece liberdade móvel, permitindo uma experiência única compartilhada ao redor de conteúdo digital, para todo mundo, em qualquer lugar e instantaneamente, de um smartphone tão fino e portátil quanto qualquer outro no mercado.
Infelizmente, essa “experiência única compartilhada” veio em um caro e enorme telefone com especificações vindas direto de 2010, rodando uma versão antiga do Android.
Mesmo depois da resposta pouco empolgada do Beam original, a Samsung não desistiu. Em 2014, a companhia lançou um sucessor, que ainda tinha especificações ruins e atrasadas (de novo, ainda era bem 2010), focado no mercado chinês. Qual é, Samsung, você sabe quando desistir de um produto. Ninguém quer um projetor no seu smartphone e ninguém vai pedir ninguém em casamento usando ele.
Project Ara do Google (2013 – 2016)
Tecnicamente, o Project Ara não era um telefone. Ele nunca teve a chance de ser um. Ao invés disso, ele foi um projeto no qual o Google investiu anos do seu tempo (e muito, muito hype), apenas para cancelar o dispositivo em 2016.
Mas vamos voltar um pouco. Em 2013, a Motorola (então parte do Google) anunciou que estava trabalhando em uma plataforma de telefone modular conhecida como “Project Ara”. O Project Ara era um telefone básico com módulos removíveis que podiam ser retirados ou trocados, meio como peças de LEGO.
A ideia era que, ao invés de ter que constantemente trocar o telefone inteiro, componentes específicos — o sistema de câmera, armazenamento, processador e bateria — poderiam ser expandidos com um novo módulo. Módulos adicionais poderiam estar disponíveis para coisas extra, como câmera de visão noturna ou até mesmo um aquário para tardigradas.
A imprensa de tecnologia (inclusive o Gizmodo) ficou bem feliz em espalhar a empolgação com esse conceito. Veja o que escrevemos sobre o conceito, que já tinha sido atrasado diversas vezes àquele momento, em 2015:
Essa é a ideia poderosa por trás do Project Ara, exatamente o smartphone que você quer, exatamente quando você precisa. Indo em uma viagem longa e precisa de mais bateria? Mude para uma tela de baixa resolução e módulos extra de bateria. Precisa tirar ótimas fotos no jogo de futebol dos filhos? Pegue o módulo de câmera cheio de megapixels. É um sonho certamente ambicioso, que não vai soar bem para todos, mas é uma ideia que vale a pena explorar só para ver até onde vai.
Uma pena que a “ideia poderosa” nunca virou um produto real. Não apenas as especificações do projeto mudaram de direção com uma constância alarmante (originalmente, ele era um dispositivo anunciado pelo Google por US$ 50-US$ 100; em 2016, a empresa admitiu que os primeiros telefones custariam a mesma coisa que os mais caros do mercado), as pessoas encarregadas de cuidar do projeto mudaram também. De acordo com esta excelente história do Project Ara no Venture Beat, o time nunca se recuperou depois que Regina Dugan, que cuidava do ATAP no Google, abruptamente deixou a companhia para ir para o Facebook.
E, veja, é possível que, com a liderança e o apoio ideais, o Project Ara pudesse ter chegado até o fim, mas isso não muda muito uma grande parte, fundamental, do problema (e smartphones modulares em geral): ninguém quer um smartphone modular. O Project Ara é o desastre de telefone modular mais ambicioso, mas até telefones modulares da LG e Motorola fracassaram completamente em captar seu público.
Por fim, o Project Ara era uma ótima demonstração, mas ele nunca teve a chance de ser um produto real. E, mesmo se ele tivesse alcançado a linha de chegada, algo me diz que ele teria terminado nessa lista de qualquer forma.