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Se você sente o cheiro de coisas que não estão por perto, você não está sozinho

Uma porcentagem pequena mas muito real de pessoas muitas vezes sentem odores que na verdade não estão lá. Cerca de um a cada 15 norte-americanos com mais de 40 anos regularmente sente os chamados “odores fantasmas”. Mas não fazemos ideia do motivo por trás disso, de acordo com um novo estudo publicado nesta quinta-feira (16) […]

Uma porcentagem pequena mas muito real de pessoas muitas vezes sentem odores que na verdade não estão lá. Cerca de um a cada 15 norte-americanos com mais de 40 anos regularmente sente os chamados “odores fantasmas”. Mas não fazemos ideia do motivo por trás disso, de acordo com um novo estudo publicado nesta quinta-feira (16) no JAMA Otolaryngology—Head & Neck Surgery.

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O estudo, liderado por pesquisadores do National Institutes of Health (NIH), é o maior a observar esse problema, disse a autora principal do artigo, Kathleen Bainbridge, pesquisadora do National Institutes on Deafness and Other Communication Disorders (NICCD) — Institutos Nacionais sobre Surdez e Outros Distúrbios de Comunicação, em tradução livre.

“Sabíamos que a percepção de odor fantasma havia sido observada em clínicas médicas, mas não sabíamos o quão comum essa condição era e nem que tipos de pessoas são mais afetadas normalmente”, ela contou ao Gizmodo.

Bainbridge e sua equipe estudaram dados do National Health and Nutrition Examination Survey, um estudo anual nacional sobre os hábitos e a saúde geral dos norte-americanos. Eles especificamente observaram mais de sete mil pessoas com mais de 40 anos de idade que haviam participado da pesquisa de 2011 a 2014. Dessas, 6,5%, ou 534 pessoas, responderam “sim” para uma questão que perguntava se às vezes elas sentiam um “odor desagradável, ruim ou ardente quando não havia nada ali”.

Embora as descobertas não ofereçam uma razão clara para a ocorrência desses odores fantasmas, elas oferecem algumas pistas.

Primeiramente, que mulheres estão mais propensas a sentirem odores fantasmas do que os homens. Houve também uma conexão com a idade: as mulheres, mas não os homens, eram menos propensas a relatar esses cheiros quanto mais velhas elas fossem. Isso sugere que, qualquer que seja a causa, provavelmente ela não está ligada ao sentido de olfato que cai à medida que todos nós envelhecemos.

“Seria muito interessante ver se as pessoas com menos de 40 anos relataram odores fantasmas ainda mais frequentemente”, disse Bainbridge.

Outros fatores de risco associados com odores fantasmas incluíram traumatismo craniano, boca seca e baixo nível socioeconômico. Pessoas com dificuldades financeiras já têm maiores problemas de saúde em geral, então seu risco adicional pode vir de certas condições de saúde ou dos medicamentos que elas tomam para tratá-las, especula a equipe. Um histórico atual de tabagismo também foi associado a odores fantasmas, mas o elo desapareceu após considerar a idade e o status socioeconômico. Pesquisas de outros lugares descobriram que os odores fumegantes e de algo queimando tendem a ser o tipo mais comum de cheiro fantasma.

A essa altura, existem muito mais perguntas do que respostas. Não sabemos por quanto tempo as pessoas tendem a sentir esses cheiros, independentemente de virem ou não de gatilhos comuns para o surgimento de um episódio desses ou se a condição pode sumir ou piorar ao longo do tempo. O estudo atual também não inclui nenhum dado sobre possíveis doenças que poderiam plausivelmente explicar os odores fantasmas, como convulsões ou doenças mentais sérias.

A maioria das pessoas afligidas por odores fantasmas também não sabem o que está acontecendo: apenas 11% da amostra da equipe relatou que havia entrado em contato com um médico sobre um problema de cheiro ou gosto. E simplesmente não existem tratamentos bons disponíveis para aquelas pessoas que buscam ajuda, disse Bainbridge.

Porém, destacando esses resultados, a equipe espera estimular outros pesquisadores a estudar a condição. A pesquisa pode também acalmar as pessoas que sofrem disso, mostrando-lhes que elas não estão sozinhas.

“Um bom primeiro passo para entender qualquer condição médica é uma descrição clara do fenômeno”, afirmou Kathleen Bainbridge. “A partir daí, outros pesquisadores podem formar ideias sobre onde procurar por possíveis causas e, por fim, maneiras de prevenir ou tratar a condição.”

Bainbridge e sua equipe planejam continuar buscando possíveis gatilhos, como remédios ou condições neurológicas. Outros pesquisadores, ela sugere, poderiam estudar como os sintomas das pessoas podem variar, por que elas escolhem buscar tratamento e os mecanismos biológicos que acentuam a percepção de odores fantasmas.

[JAMA Otolaryngology–Head & Neck Surgery]

Imagem do topo: maxknoxvill (Pixabay)

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