Chimpanzés também passam pela menopausa, mostra nova pesquisa
Os seres humanos eram considerados os únicos primatas a entrarem na menopausa. No entanto, pesquisadores do Parque Nacional Kibale, no oeste de Uganda, na África, publicaram um artigo na revista Science que mostra que as fêmeas dessa população também enfrentam alterações características desse período.
O estudo mostra que a fertilidade dos chimpanzés diminuiu após os 30 anos e que não houve nascimentos após os 50 anos. Alterações hormonais semelhantes às das mulheres na menopausa também apareceram nas fêmeas com mais de 50 anos.
Segundo o artigo, os pesquisadores localizaram níveis elevados de hormônios folículo-estimulantes (FSH) e hormônios luteinizantes (LH), ambos responsáveis pelo controle da ovulação e renovação do revestimento uterino após a menstruação. Além disso, foram identificados níveis reduzidos de estrogênios e progestógenos — um dos cinco grupos de esteroides naturais.
Enquanto as mulheres passam cerca de 40% de suas vidas adultas em estado pós-reprodutivo, os chimpanzés fêmeas o fazem apenas cerca de 20%.
Como o estudo sobre menopausa foi feito
Cientistas analisaram 185 chimpanzés da comunidade Ngogo no Parque Nacional Kibale, em Uganda, ao longo de 21 anos — de 1995 a 2016.
O estudo abre novas questões sobre a evolução e função da menopausa em primatas. A principal hipótese é que a menopausa é um traço evolutivo antigo que se originou no ancestral comum entre humanos e chimpanzés.
Por isso, a menopausa seria uma consequência inevitável do esgotamento dos folículos ovarianos devido à taxa acelerada de reprodução das fêmeas primatas.
Além disso, o estudo destaca a importância de conservar os chimpanzés selvagens, que estão ameaçados pela caça furtiva, desmatamento e doenças. Esses animais são uma fonte única de informação sobre nossa própria biologia e passado evolutivo.