China ameaça não aprovar venda do TikTok para Oracle e Walmart
Oracle e Walmart chegaram a um acordo com a ByteDance para assumir as operações do TikTok nos EUA. Quem não parece estar nem um pouco contente com a situação, porém, é a China. Um editorial publicado nesta quarta-feira (23) pelo China Daily, jornal de língua inglesa editado pelo Partido Comunista Chinês, chama a negociação de “suja e injusta” e feita com base em “bullying e extorsão”, dizendo que não há motivos para o país asiático aprová-lo.
O artigo da publicação também compara as medidas dos EUA a uma ação de um gângster para forçar uma companhia legítima a aceitar um acordo que não é justo nem razoável. O texto diz ainda que o sucesso de um aplicativo estrangeiro deixou o governo americano inquieto e que a alegação de ameaça à segurança nacional é somente um pretexto.
O prazo para proibição do TikTok imposto pelo governo dos EUA expirou no último domingo (20). O acordo recebeu a “bênção” do presidente Donald Trump, evitando que o app fosse removido das lojas de apps de empresas americanas. Oracle, Walmart e ByteDance, no entanto, publicaram comunicados contraditórios, que deixam dúvidas em como se dará a negociação.
A ByteDance diz que criará uma subsidiária chamada TikTok Global e que será proprietária de 80% dela. Oracle e Walmart, por outro lado, afirmam que a maior parte da participação na TikTok Global estará em mãos americanas, cumprindo o que determina a ordem executiva de Trump — provavelmente levando em consideração que parte da ByteDance é de propriedade de investidores dos EUA.
Os valores da negociação não foram revelados. O fato de a Oracle ser colaboradora de agências de inteligência dos EUA, como CIA e NSA, foi alvo de críticas, já que a alegação para proibir o TikTok era justamente a privacidade e a segurança dos usuários.
Não é a primeira vez que a postura dos EUA em relação ao TikTok recebe críticas do governo chinês. O ministro do Comércio da China já havia dito no sábado (19) que os EUA deveriam “parar com o bullying” e observar as normas de justiça e transparência internacionais.
Em agosto, o país asiático também atualizou suas regras de exportação para incluir “tecnologia baseada em análise de dados para serviços de recomendação de informações personalizadas” na lista de itens que precisam de uma licença especial para venda para o exterior, o que foi entendido como uma forma de enquadrar produtos como o TikTok. Notícias de semana passada também davam conta que a China poderia tentar determinar o encerramento global do aplicativo para não aceitar que ele fosse vendido para uma empresa americana.
[CNBC, TechCrunch]