Ciência

Cientistas acham vulcão misterioso que põe fim a mistério de 200 anos

Atividade vulcânica massiva foi responsável por uma inesperada redução na temperatura
Imagem: Ruedi Häberli/Unsplash/Reprodução

Em 1831, uma enorme erupção de um vulcão fez as médias de temperatura do Hemisfério Norte caírem em 1º C. Porém, a localização do vulcão manteve-se um mistério que durou quase 200 anos.

A erupção foi uma das maiores do século de 19, lançando enormes quantidades de dióxido de enxofre na atmosfera, resultando na queda das temperaturas. No entanto, apesar do impacto gigantesco da erupção de 200 anos atrás, o mistério sobre a identidade do vulcão se tornou tema de debates entre cientistas.

Mas, agora, cientistas da Universidade St. Andrews, do Reino Unido, descobriram que o vulcão Zavaritski foi o responsável pela grande erupção, desvendando o mistério de 200 anos.

O vulcão fica em Simushir, uma ilha do arquipélago vulcânico das Ilhas Curila, que se estende por cerca de 1.300 quilômetros — desde Hokkaido, no Japão, até a península de Camecháteca, na Rússia.

A localização remota do vulcão foi o principal fator que impediu que os cientistas desvendassem o mistério da erupção por tanto tempo.

A ilha Simushir. Imagem: Universidade St. Andrews. Divulgação.

Como os cientistas desvendaram o mistério sobre o local do vulcão

Em um estudo publicado em dezembro de 2024, os cientistas detalham como conseguiram determinar a localização exata do vulcão usando datação por radiocarbono, modelagem computacional e análises geoquímicas em gelo.

Testemunhos de gelo de geleiras e calotas polares são como cápsulas do tempo porque preservam informações sobre o clima e a atmosfera da Terra. As camadas de gelo são mais espessas e antigas na Antártida e na Groenlândia, onde os cientistas coletaram amostras para descobrir a origem da erupção.

“Apenas nos últimos anos, conseguimos desenvolver tecnologias para extrair fragmentos microscópicos de cinzas vulcânicas em testemunhos de gelo para conduzirmos análises químicas detalhadas”, afirmou William Hutchison, vulcanologista e principal autor do estudo, em um comunicado.

As análises revelaram que os depósitos de partículas de enxofre da erupção eram significativamente maiores nas geleiras da Groenlândia do que na Antártida em 1831.  Com isso, os cientistas descobriram que a erupção de 200 anos atrás foi de um vulcão de latitudes médias no Hemisfério Norte.

Já as análises geoquímicas das cinzas e vidros vulcânicos identificaram correspondências no Japão e nas Ilhas Curilas. No entanto, segundo registros históricos, não houve uma grande erupção no Japão em 1831. Além disso, amostras de cinzas apresentavam uma correspondência geoquímica com o Zavaritskii.

A erupção de 1831 deixou uma enorme caldeira com depósitos de sedimentos vulcânicos onde ficava o vulcão Zavaritskii. Imagem: Universidade St. Andrews. Divulgação.

Impactos da erupção no clima

A grande erupção ocorreu durante a Pequena Idade do Gelo (1400-1850), intensificando os efeitos no clima em um período já conhecido por temperaturas extremamente baixas.

Além da erupção do vulcão Zavaritskii, três outras erupções, que ocorreram entre os últimos 200 anos, marcaram o fim da Pequena Idade do Gelo. Contudo, a erupção de 1831 gerou condições climáticas secas e frias, que resultaram em fome na Índia, Japão e Europa.

Por isso, o estudo destaca a importância de investigar erupções misteriosas porque elas podem fornecer novos insights sobre eventos vulcânicos que podem alterar o clima. 

“Parece plausível que o resfriamento climático causado pela erupção afetou as safras em diversos países. Contudo, o nosso foco agora é descobrir até que ponto essas fomes foram causadas pelo resfriamento climático da erupção do vulcão ou por outros fatores sociopolíticos”.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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