Cientistas colocam tinta em formigas para estudar como elas formam suas sociedades

As formigas conseguem fazer coisas incríveis quando trabalham juntas, como construir ninhos elaborados e até mesmo criar pontes com seus corpos. Uma equipe de cientistas queria saber como esses insetos sociais descobrem como assumir seus vários papeis dentro de uma colônia. • Cientistas descobrem o segredo por trás das incríveis torres de formigas • As […]

As formigas conseguem fazer coisas incríveis quando trabalham juntas, como construir ninhos elaborados e até mesmo criar pontes com seus corpos. Uma equipe de cientistas queria saber como esses insetos sociais descobrem como assumir seus vários papeis dentro de uma colônia.

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Cientistas descobrem o segredo por trás das incríveis torres de formigas
As formigas Matabele resgatam suas companheiras feridas e oferecem cuidados médicos

Considerando que a “sobrevivência do mais apto” é como pensamos a evolução, pode parecer um pouco estranho que algumas criaturas (como formigas e humanos) prosperem em grupos. Esperando entender isso, os pesquisadores, liderados por Yuko Ulrich, da Universidade Rockefeller, estudaram o comportamento em grupos cada vez maiores de formigas para aprender como a divisão do trabalho surge. Um dia, estudos como esse podem nos ajudar até a entender nosso próprio comportamento humano.

“Mesmo que trabalhemos com indivíduos geneticamente idênticos que são tão homogêneos quanto possível, ainda parece haver alguma variabilidade entre eles em termos de suas tendências”, disse o autor correspondente do estudo, Daniel Kronauer, da Universidade Rockefeller, em entrevista ao Gizmodo. “De onde vêm essas diferenças?”


Formigas marcadas usadas no estudo. Foto: Daniel Kronauer

Os pesquisadores observaram os comportamentos das formigas-biroi, uma espécie especialmente útil para um estudo como esse. As formigas não têm uma rainha e elas se reproduzem clonalmente, o que significa que as formigas fêmeas põem ovos que não precisam ser fertilizados para produzir mais formigas fêmeas.

Estudar vários indivíduos quase geneticamente idênticos não é fácil, então os pesquisadores desenvolveram um sistema de rastreamento em que eles marcaram as formigas com pontos de tinta e filmaram as colônias para que um programa de computador pudesse rastrear o comportamento. Eles observaram de sete a oito colônias, cada uma de uma, duas, quatro, seis, oito, 12 ou 16 formigas operárias com um número igual de larvas. Eles então mediram quanto tempo as formigas passaram ao redor do ninho e o quão consistente era esse comportamento. Isso pode servir como um aproximação de comportamentos como a procura de alimentos e o cuidado com as larvas.

Em grupos com apenas seis formigas no máximo, os indivíduos começaram a se comportar de maneira diferente um do outro. Mas talvez ainda mais surpreendente tenha sido que, aparentemente, quanto maior era o grupo, mais cedo as larvas se desenvolveram e se tornaram adultas, segundo o artigo publicado na Nature. O desenvolvimento larval mais rápido é considerado uma medida de aptidão, dizem os pesquisadores.

“Nós fornecemos a mesma quantidade de comida por larva, não há nada diferente, a não ser pelo tamanho do grupo”, disse Kronauer. “Isso é algo que eu não esperava.


Formigas marcadas usadas no estudo. Foto: Daniel Kronauer

Cientista não envolvido na pesquisa, James O’Dwyer, da Universidade de Illinois, disse que achou que o estudo foi uma configuração experimental legal e uma maneira interessante de rastrear o comportamento. Ele apontou que havia mais perguntas que ele gostaria que fossem respondidas em experimentos futuros, como, por exemplo, se a maior variação no comportamento, em vez da variação no tamanho do grupo, acelera o desenvolvimento das larvas.

Uma limitação inerente a um estudo como esse, e também um comentário que Kronauer esperava ouvir de pesquisadores mais voltados para a ecologia, seria que esse teste foi realizado em um laboratório, em vez do ambiente natural das formigas. Mas Kronauer disse que não está interessado no comportamento natural desses insetos, mas, sim, que espera criar um sistema completamente controlável para aprender mais sobre a natureza fundamental por trás do desenvolvimento do comportamento social.

Essas são formigas, e não humanos, então qualquer comparação entre os dois tem seus limites. Mas o estudo está abordando uma questão mais profunda sobre como o comportamento social evolui. “Também somos uma espécie social”, disse O’Dwyer. “Entender exatamente quais sãos os benefícios e as dificuldades na divisão do trabalho… tem suas implicações para todos os aspectos da socialidade.”

O músico Dave Matthews já cantou diversas vezes que, “quando todas as formiguinhas estão marchando, com as antenas vermelhas e pretas balançando, todas elas fazem a mesma coisa, todas elas fazem do mesmo jeito”. Porém, claramente, esse não é o caso — um grupo de apenas seis formigas-biroi já começa a fazer as coisas de formas diferentes.

[Nature]

Ilustração do topo por Angelica Alzona/Gizmodo

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