Ciência

Cientistas concluem que homem também pode provocar terremotos

Estudo sobre terremoto no Canadá em 2022 concluiu que os tremores foram resultado de ações da indústria que explora combustíveis fósseis. Saiba mais
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Em geral, um terremoto é resultado de movimentos súbitos que acontecem em falhas nas camadas internas da Terra. Geralmente, os tremores são causados por movimentos de placas tectônicas, mas não só por isso.

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Agora, um novo estudo publicado na revista Seismological Research Letters identificou que um terremoto que aconteceu no Canadá em 2022 foi consequência de ações humanas.

O caso do Rio da Paz, no Canadá

Em novembro de 2022, a província de Alberta, no Canadá, sofreu com tremores de um terremoto que teve magnitude de 5,2 na escala Richter. Inicialmente, especialistas interpretaram o acontecimento como resultado de um processo natural.

A ideia foi confirmada pelos primeiros relatórios sobre os tremores, que indicaram que o terremoto havia sido profundo. Os documentos também sugeriam que o episódio não ocorreu próximo a nenhuma operação de fraturamento hidráulico.

Esse trabalho consiste na extração de materiais líquidos e gasosos do subsolo, como combustíveis, por exemplo. É assim que se extrai o petróleo e o gás natural. Em Alberta, os operadores da indústria são obrigados a relatar dados mensais desse tipo de injeção.

No entanto, quatro meses e um estudo depois, os especialistas identificaram que o terremoto foi justamente consequência de um processo de fraturamento hidráulico e aos poços de descarte de água associados. 

O novo veredicto veio após pesquisas descobrirem que o evento foi mais superficial do que os especialistas pensavam. Além disso, os estudos indicaram que havia um poço de descarte a menos de um quilômetro de distância do local dos tremores.

Desafios e consequências

Para chegar a essa conclusão, especialistas enfrentaram dificuldades como a falta de dados e a imprecisão da percepção das pessoas. Isso porque o trabalho foi feito por meio da aplicação de questionários, que encontraram respostas muito variadas.

Mesmo sendo professores e estudantes de doutorado na área e tendo recebido dados sobre a evolução temporal e espacial da sismicidade do evento, os especialistas ainda emitiram opiniões inconclusivas. 

Por exemplo, termos como “regional” e “próximo a” – que são importantes para definir o relacionamento de um terremoto com a atividade da indústria – foram interpretados de maneiras diferentes pelos especialistas.

Dessa forma, os pesquisadores defendem que, em pesquisas no futuro, haja uma lista de verificação sobre o que precisa ser definido um padrão.

Agora, os resultados devem afetar os modelos de risco sísmico para a província de Alberta. Como foi um terremoto induzido, a pesquisa deve embasar decisões para regulamentar a indústria. 

Também pode haver impacto em outras tecnologias, como utilização e armazenamento de carbono ou energia geotérmica.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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