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Cientistas congelam, descongelam e transplantam rim congelado de rato pela 1ª vez

O novo método de criopreservação permitiria que órgãos ficassem armazenados por anos antes de serem transplantados. Saiba mais desse estudo da Universidade de Minnesota

fotografia de um rato olhando para a câmera

Imagem: Nikolett Emmert/Unsplash/Reprodução

Uma equipe de cientistas da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, conseguiu congelar e descongelar rins de ratos para preservá-los e utilizá-los em transplantes de órgãos entre os roedores.

O feito inédito aconteceu em abril de 2022, e os pesquisadores publicaram um estudo descrevendo o procedimento este mês, na revista científica Nature Communications

Métodos de criopreservação de longo prazo (ou seja, de preservação de um tecido vivo expondo-o a temperaturas baixíssimas) existem há décadas. Mas os cientistas enfrentavam problemas para descongelar o objeto congelado uniformemente, evitando danos causados pelo gelo.

Como os cientistas fizeram

Agora, a equipe de Minnesota desenvolveu uma abordagem chamada nanowarming, que aquece o órgão uniformemente por dentro. Funciona assim: uma vez removido o órgão a ser transplantado, ele é resfriado a –150°C. Ele recebe uma solução crioprotetora com partículas de óxido de ferro.

Depois, ele é descongelado por um processo de reaquecimento magnético. Nesta etapa, as partículas de ferro são ativadas pelas ondas eletromagnéticas e funcionam como aquecedores em todo o rim. 

Então, os cientistas retiram as partículas de ferro e os crioprotetores tóxicos do rim antes de o transplantarem. Nos cinco ratos que receberam rins vitrificados, os órgãos estiveram funcionando durante os 30 dias após o procedimento. (Depois, eles foram sacrificados pelos cientistas, para estudar sua condição de saúde.)

“Esta é a primeira vez que alguém publica um protocolo robusto para armazenamento a longo prazo, reaquecimento e transplante bem-sucedido de um órgão funcional preservado em um animal”, disse o co-autor do estudo John Bischof, diretor da Instituto de Engenharia em Medicina da Universidade de Minnesota, em comunicado.

A técnica ainda está, claro, nas etapas iniciais de seu desenvolvimento. Mas os pesquisadores esperam que, um dia, ela permita o armazenamento a longo prazo de órgãos e tecidos, seja para pesquisas biomédicas e farmacológicas ou para transplantes humanos. Ou seja, a ideia é que, com a possibilidade da criopreservação, um rim seja armazenado anos antes de ser implantado.

O próximo passo da equipe? Fazer os mesmos testes com rins de porco, mais próximos do tamanho de um rim humano.

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