Cientistas descobriram que uma espécie de fungo inteligente consegue “se lembrar das coisas”. Na prática, ele tem a capacidade de utilizar os sentidos e reagir ao ambiente — algo vital para a sobrevivência da maioria dos organismos.
Em termos sensoriais, como olfato e visão, pensamos que os animais são os melhores. No entanto, uma espécie de fungo está desafiando o que consideramos “inteligência”.
Fungos inteligentes?
Cientistas das Universidades de Tohuku e Nagaoka, no Japão, descobriram que o fungo da espécie Phanerochaete velutina consegue armazenar informações. Além disso, o fungo inteligente ajusta seu comportamento de acordo com essas informações que armazena ou se lembra, sugerindo uma memória sensorial.
Vale destacar que a espécie de fungo Phanerochaete velutina é importante para decomposição de madeiras em florestas de clima temperado. Ela cresce da própria madeira e segue em busca de outras madeiras para colonizar. A aparência — similar a tiras de veludo branco — é porque o fungo inteligente consiste em uma rede de filamentos fibrosos, as hifas, responsáveis por formar o micélio dos fungos.
O micélio, aliás, foi bastante importante para os cientistas na descoberta do fungo. Em setembro, os pesquisadores publicaram um estudo sobre a descoberta, detalhando como conduziram os experimentos que comprovaram que o fungo consegue se lembrar das coisas.
Como esse fungo consegue se lembrar das coisas
No experimento, os cientistas usaram pequenos blocos de madeira já colonizados com fungos da mesma espécie e colocaram nove desses blocos em dois arranjos diferentes. Um arranjo era em formato de círculo, enquanto o outro formava uma cruz.
Desse modo, os cientistas perceberam uma mudança no micélio conforme o passar do tempo. O micélio carrega os nutrientes necessários ao fungo inteligente e esse comportamento auxiliou o fungo a se lembrar das coisas.
No experimento, o micélio se espalhou de um ponto central até encontrar as gavinhas de outros micélios em blocos ao redor.
Essas gavinhas se ligaram, formando e fortalecendo conexões. Então, o excesso de gavinhas se encolheu e o micélio começou a se comportar como uma única entidade, que enviava filamentos em direções mais favoráveis à coleta de nutrientes.
No arranjo circular, houve a mesma conexão em todos os blocos e o arranjo em forma de cruz apresentou ainda mais conexões, permitindo que o fungo explorasse o ambiente de maneira efetiva.
Segundo os cientistas, isso mostra que o fungo reconhece o layout de seus arredores e transmite informações através dessa rede de micélios para coordenar as atividades a fim de otimizar a formação de colônias. Assim, o fungo inteligente consegue se lembrar e, com isso, repassar informações para garantir sua sobrevivência.