Ciência

Cientistas descobrem neurônios que controlam a inflamação do corpo

Em nova pesquisa, pesquisadores identificaram neurônios que controlam o sistema imunológico e, assim, os níveis de inflamação do organismo frente à invasores
Imagem: Robina Weermeijer/ Unsplash/ Reprodução

A ciência já sabia que o nervo vago, uma rede de fibras nervosas que conecta o corpo ao cérebro, era essencial para ação do sistema imunológico. Agora, em novo estudo publicado na revista Nature, cientistas demonstraram que há neurônios específicos do tronco cerebral que controlam a resposta imunológica, em específico os níveis de inflamação.

De acordo com a pesquisa, o cérebro mantém um equilíbrio delicado entre os sinais moleculares que promovem a inflamação e aqueles que a atenuam. E os neurônios descobertos são chave para essa equação.

Entenda a pesquisa

No estudo, imunologistas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, dos EUA, injetaram bactérias que desencadeiam a inflamação na barriga de ratos de laboratório. Então, os pesquisadores monitoraram a atividade das células cerebrais.

Com isso, identificaram neurônios no tronco cerebral que se ativaram em resposta aos estímulos imunológicos – neurônios que controlam a inflamação.

Para testar o controle desses neurônios sobre o sistema imune, os pesquisadores realizaram dois experimentos. No primeiro, ativaram essas células por meio de um medicamento, o que levou à redução dos níveis de moléculas inflamatórias no sangue dos ratos.

Depois, silenciaram os neurônios do tronco cerebral. Nesse caso, o teste levou a uma resposta imunológica descontrolada. No total, o número de moléculas inflamatórias aumentou em 300% em comparação com os níveis observados em ratos com essas células funcionais.

Como funciona

Em geral, o sistema imune detecta os agentes invasores que podem prejudicar o organismo de alguma forma. Quando isso acontece, ele libera uma grande quantidade de células e compostos imunológicos que promovem a inflamação.

Contudo, a resposta inflamatória deve ser extremamente precisa. Por exemplo, se for fraca, o corpo vai se infectar pelo agente invasor. E caso seja muito forte, células saudáveis do organismo podem ser danificadas no processo.

Na prática, há dois grupos de células do nervo vago que mandam sinais para o cérebro. Um deles responde a moléculas imunológicas pró-inflamatórias e outro que responde a moléculas anti-inflamatórias.

“Essas células nervosas atuam como um reostato no cérebro que garante que uma resposta inflamatória seja mantida dentro dos níveis apropriados”, explicou à Nature o co-autor do estudo, Charles Zuker. Ele é neurocientista da Universidade Columbia.

Em testes com ratos que passavam por uma inflamação excessiva,ativar artificialmente os neurônios vagais que carregam sinais anti-inflamatórios diminuiu a resposta inflamatória. Por isso, pesquisadores acreditam que a descoberta pode auxiliar no desenvolvimento de tratamentos para diversas condições, como doenças autoimunes e até mesmo a Covid longa.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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