_Ciência

Cientistas descobrem RNA que pode ser chave para tratar câncer

RNA chamado IncREST repara erros na divisão celular, processo que pode auxiliar terapias de combate ao câncer

Cientistas descobrem RNA que pode ser chave para tratar câncer

Cientistas espanhóis descobriram um tipo de RNA que desempenha uma papel crucial ao alertar o organismo quando há defeitos na multiplicação do DNA — e, ainda por cima, repara esses erros. O RNA recebeu o nome de lncREST (RNA longo não codificante REplication STress), e pode ser o ponto chave para o desenvolvimento de novos tratamentos contra o câncer.

“Descobrimos que lncREST age como um sensor funcional. Ele garante que as proteínas necessárias estejam no lugar certo na hora certa e que a replicação do genoma não falhe”, explica Maite Huarte, líder do estudo.

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Nature Communications. O estudo contou com apoio da Worldwide Cancer Research Foundation, da Agência Espanhola de Pesquisa Estatal e do Ministério Espanhol da Ciência, Inovação e Universidades.

O papel do IncREST

De acordo com o estudo, o RNA IncREST se localiza na cromatina, que é uma estrutura da célula na qual o DNA se organiza. Ele não contém informações para codificar proteínas, mas sim para localizar aquelas que são chave no processo de replicação do DNA.

Dessa forma, ele consegue detectar o estresse que pode ocorrer quando há um erro na multiplicação do DNA durante a divisão das células, como quando há o surgimento de um tumor.

Em resposta a esse sinal de estresse, o RNA incREST aciona as proteínas-chave do processo, que reparam os danos no DNA onde são necessárias.

“A ausência de lncREST mostrou causar sinalização de estresse comprometida, levando ao acúmulo de defeitos graves no DNA e, ultimamente, à morte celular”, explica Luisa Statello, que também assina o estudo.

Por isso, além de essencial ao processo de reação ao estresse das células, o RNA também pode ser um alvo das pesquisas de tratamento para diversos tipos de câncer. As cientistas envolvidas no estudo destacam a possibilidade de combinar inibidores de lncREST.

 “As descobertas podem levar a uma terapia combinada para usar menos medicamentos e reduzir a toxicidade para o paciente. Ao usar dois inibidores ao mesmo tempo, as chances de as células tumorais desenvolverem resistência ao tratamento se reduzem”, sugere Huarte.

Sair da versão mobile