Cientistas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo método para enviar mensagens codificadas por meio de cartas ou imagens em papel.
A nova técnica de esteganografia consiste em armazenar dados secretos na tinta utilizada na mensagem. Para isso, foi criado um líquido contendo polímeros que podem transportar uma chave de criptografia para decodificar mensagens ocultas.
Durante o estudo, a equipe de pesquisadores gerou uma chave de 256 caracteres para criptografar e descriptografar arquivos usando o Advanced Encryption Standard (AES), um método comum de criptografia. Em seguida, eles usaram oligouretanos – um tipo de polímero – para codificar a chave.
Segundo Eric Anslyn, um dos cientistas que assinaram o estudo, esse polímero conta com uma sequência muito específica de compostos que podem carregar com eles uma sequência de informações. Com a chave pronta, esses oligouretanos podem ser misturados com um pouco de fuligem, isopropanol e glicerol para criar a tinta, mas sem perder a mensagem secreta.
Conforme apontou a New Scientist, os pesquisadores utilizaram a tinta para escrever uma carta a mão e enviá-la para uma pessoa específica da equipe. Ao recebê-la, o destinatário precisou apenas extrair uma amostra da tinta e analisar a chave cifrada nos polímeros para abrir um arquivo criptografado.
Apesar do conteúdo da carta enviada não ser relacionado à mensagem cifrada, a chave escondida permitiu abrir um arquivo criptografado que trazia todo o texto do romance “O Maravilhoso Mágico de Oz”, escrito por L. Frank Baum, no ano de 1900.
Mensagens codificadas em polímeros abre possibilidades na área de dados
Vale lembrar que a esteganografia – que consiste em esconder uma mensagem dentro de outra – não é algo novo. O imperador romano Júlio César, por exemplo, já enviava mensagens militares há mais de dois mil anos com técnicas simples de criptografia, hoje conhecida como “Cifra de César” — por meio de um sistema de troca de caracteres.
Os cientistas reconhecem que o método de criptografia utilizando a tinta especial não é algo muito prático. Na verdade, eles consideram a capacidade de ocultar informações como uma aplicação secundária.
O estudo – publicado na revista ACS Central Science – aponta que o objetivo foi demonstrar a possibilidade de armazenar dados em sequências de polímeros — da mesma forma que o DNA faz. O próximo passo da pesquisa é desenvolver uma técnica que permite armazenar uma grande quantidade de informação nesses tipos de polímeros.