Ciência

Cientistas desvendam o motivo do estresse prejudicar o intestino

Estresse crônico causa desequilíbrio na microbiota intestinal, que prejudica a proteção do intestino contra patógenos
Imagem: Elisa Ventur/ Unsplash/ Reprodução

Apesar de estarem distantes um do outro, cérebro e intestino se relacionam de maneira direta. Não à toa, quando a mente está cheia de preocupações e estresse, muitas vezes o sinal se percebe por meio de sintomas gastrointestinais, como com a síndrome do intestino irritável (SII).

Agora, pesquisadores descobriram detalhes precisos dessa conexão entre cérebro e intestino. Em um estudo publicado na revista Cell Metabolism, eles descrevem como o estresse desencadeia uma cascata bioquímica que remodela a microbiota intestinal.

Entenda a pesquisa

Em um experimento controlado, os pesquisadores dividiram ratos de laboratório em dois grupos. O primeiro foi mantido em condições normais, enquanto o segundo foi exposto ao estresse crônico por duas semanas.

Depois, os cientistas observaram as diferenças no intestino dos dois grupos de animais. De modo geral, os ratos que estavam sob estresse apresentaram níveis reduzidos de células que ajudam a proteger os intestinos contra agentes que causam doenças.

De acordo com o estudo, existem células-tronco do intestino que normalmente se transformam nesse tecido protetor. No entanto, elas não funcionaram de maneira adequada, o que prejudicou o órgão.

O papel da microbiota intestinal

A microbiota intestinal é um conjunto de microrganismos benéficos, especialmente bactérias. Em geral, eles auxiliam em processos como a digestão. No entanto, o desequilíbrio desses micróbios pode causar problemas em todo o resto do corpo.

Por exemplo, quando algumas bactérias do gênero Lactobacillus se proliferam em condições estressantes, produzem uma substância química chamada indol-3-acetato (IAA). No novo estudo, os cientistas descobriram que o aumento no nível de IAA impede as células-tronco intestinais de se tornarem células protetoras.

Embora este estudo tenha sido realizado em camundongos, os pesquisadores reuniram evidências de que seus achados podem ser verdadeiros para os humanos. Para isso, eles analisaram fezes de pessoas com depressão e compararam com aquelas de indivíduos sem a condição.

Como resultado, encontraram níveis elevados de bactérias Lactobacillus e IAA nas amostras de quem sofre de depressão. Agora, os pesquisadores afirmam que mais estudos são necessários para investigar como  o cérebro transmite sinais que iniciam a proliferação bacteriana.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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