Pesquisadores da UC (Universidade de Cincinnati), nos EUA, treinaram um computador para identificar se um relacionamento tem futuro (ou não) logo a partir do primeiro encontro.
O sistema usa dados da chamada “sincronia fisiológica”, que inclui medições da respiração, batimentos cardíacos e respiração – respostas automáticas do sistema nervoso quando interagimos com outras pessoas.
Este é o primeiro estudo a treinar uma IA (inteligência artificial) para reconhecer aspectos de uma conversa exclusivamente a partir da fisiologia dos participantes. A pesquisa foi publicada em janeiro na revista IEEE Transactions on Affective Computing.
Nos experimentos com humanos, o computador conseguiu diferenciar quatro cenários diferentes de interação com base em cinco indicadores fisiológicos. São eles: respiração torácica e nasal, eletrocardiograma, condutância e temperatura da pele.
Sozinhas, essas medições podem não dizer muito se o crush está, ou não, a fim. Mas, quando somadas, apresentaram resultados interessantes para os algoritmos de reconhecimento de padrões do sistema.
Ao longo do estudo, 16 pares de participantes discutiram possíveis tópicos sobre os quais eles poderiam concordar ou discordar fortemente. Assim, o robô precisou descobrir quando uma conversa estava animada e quando estava indo para um caminho ruim.
Os outros dois cenários envolviam diálogos com temas agradáveis em que cada participante tinha sua vez de dominar a discussão. Para a surpresa dos pesquisadores, a IA foi capaz de identificar três em cada quatro tipos de conversa apenas com base no que seus corpos “diziam” para a máquina.
Questão de instinto
O computador pode fornecer tanto um feedback sobre o encontro quanto sobre as pessoas envolvidas na cena. “O computador pode dizer se você é chato”, disse Iman Chatterjee, o principal autor do estudo.
“Uma versão modificada do nosso sistema pode medir o nível de interesse que uma pessoa está tendo na conversa, quão compatíveis vocês são e quão engajada a outra pessoa está na conversa”.
Esses dados falam sobre a evolução do ser humano. Ao longo da história, o Homo sapiens precisou compartilhar e colaborar com outros para garantir sua sobrevivência. Essa característica permanece conosco até hoje, mesmo que em níveis subconscientes.
“A sincronia fisiológica aparece mesmo quando as pessoas estão falando sobre o Zoom”, disse Vesna Novak, coautora do estudo e professora do departamento de engenharia elétrica na UC.
Agora, os pesquisadores esperam desenvolver um aplicativo com o mecanismo. A ideia é que o sistema ajude a determinar quais pessoas podem trabalhar melhor juntas em organizações e quais são naturalmente antagônicas.
Além de descobrir se o crush está a fim, também há potencial para fornecer feedback em tempo real para educadores, terapeutas e pessoas autistas, por exemplo. “Existem muitas aplicações potenciais neste espaço”, pontuou Novak.