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Cientistas encontram bolsões de metano na Noruega que pode piorar efeito estufa

Estudo identificou grande camada de metano embaixo de permafrost, que pode ser liberado conforme o oceano esquenta e o solo degela

Cientistas encontram mar de metano na Noruega que pode piorar efeito estufa

Um novo estudo publicado na revista  Frontiers in Earth Science descobriu uma grande camada de metano abaixo do permafrost — solo congelado que é comum na região norte do planeta, próximo ao Círculo Polar Ártico. 

Segundo a pesquisa, há risco de degelo desse solo como consequência do aquecimento global. Com isso, o metano ali presente pode ser liberado para a atmosfera, agravando ainda mais o efeito estufa. Dessa forma, levaria a um ciclo de retroalimentação das mudanças climáticas.

Como é a estrutura

De acordo com os pesquisadores, o permafrost é um solo espesso, com base ondulada. Assim, possui bolsões onde gases podem se acumular. Em geral, essas regiões são exploradas por aqueles que perfuram o solo em busca de combustíveis fósseis e, muitas vezes, eles acabam encontrando esses bolsões de gás natural.

Durante o estudo, os cientistas usaram dados históricos de poços comerciais e científicos para mapear o permafrost em toda Svalbard, arquipélago da Noruega. No entanto, a extensão dessas reservas era desconhecida.

Agora, os pesquisadores puderam identificá-las e descobriram que depósitos ricos em metano são muito mais comuns do que se pensava. Contudo, o permafrost tem uma vedação apertada, o que impediu que milhões de metros cúbicos desse gás escapassem.

No entanto, com o aquecimento dos oceanos e o aumento da temperatura do planeta, o permafrost pode começar a se desintegrar. Dessa forma, essa vedação pode perder a eficiência, liberando o metano.

Mapa geológico de Svalbard com as áreas de interesse investigadas neste estudo.

Perigo para o futuro

Segundo o estudo, a vedação de permafrost em Svalbard já não é uniforme – e os pesquisadores acreditam que o degelo aconteceu devido ao calor trazido pelas correntes oceânicas.

Isso porque as áreas costeiras têm uma crosta mais fina e fragmentada de solo congelado, de forma que é mais permeável. Já nas terras baixas, onde o gelo era mais espesso, os cientistas descreveram o permafrost como um solo com propriedades de vedação extremamente boas e capaz de auto-reparação. 

Nas partes mais afetadas, a camada “ativa” de permafrost – a superfície que descongela e congela sazonalmente – fica mais profunda à medida que as temperaturas globais aumentam.

Mas o permafrost à prova de vazamentos agora pode não permanecer assim. Svalbard é um dos lugares que mais rápido estão aquecendo no planeta, de acordo com o estudo. Sua camada “ativa” de permafrost – os poucos metros superiores que descongelam e congelam sazonalmente – fica mais profunda à medida que as temperaturas globais aumentam.

“No momento, a emissão de metano de baixo do permafrost é muito baixa, mas fatores como o recuo glacial e o degelo do permafrost podem ‘levantar a tampa’ disso no futuro”, alerta Thomas Birchall, autor do estudo.

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