Ciência

Cientistas encontram vetores da leishmaniose em gruta turística do interior de SP

Prefeitura de Altinópolis alega que pesquisa não é motivo de alarde; município já está em contato com cientistas para sequência do estudo
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Durante uma pesquisa em uma gruta turística de Altinópolis, no interior de São Paulo, cientistas da Universidade de Franca (UNIFRAN) encontraram flebotomíneos, insetos vetores da leishmaniose.

As amostras da Gruta de Itambé foram enviadas para análise ao Laboratório de Parasitologia Molecular do Departamento de Patologia Básica, Setor de Ciências Biológicas, da UFPR (Universidade Federal do Paraná). Lá, pesquisadores constataram o DNA de Leishmania em alguns dos mosquitos.

“Na gruta onde pratica-se o ecoturismo, encontramos diversos insetos, mas, principalmente, um dos principais transmissores da leishmaniose: Lutzomyia longipalpis. Logo, realmente, as pessoas que frequentam aquela área estão suscetíveis a uma infecção”, explica o Prof°. Dr. Rafael Paranhos de Mendonça, orientador do estudo.

Além dos insetos já conhecidos pela ciência, a pesquisa também descobriu uma nova espécie de flebotomíneo que pode ser um possível transmissor da doença.

Cuidados

Em comunicado enviado ao Giz Brasil, a prefeitura de Altinópolis afirmou que casos de leishmaniose não são comuns na cidade. Até então, nunca houve relatos de moradores contaminados.

Apesar disso, os autores do estudo destacam que a atenção em saúde deve ser reforçada, já que a mesorregião de Ribeirão Preto, próxima à gruta, já teve notificações da doença.

Em contato com o líder da pesquisa, autoridades do município afirmam que se reunirão para explanação dos resultados e sequência do estudo. No entanto, ressaltam, em conjunto com o cientista, que a descoberta não é motivo de alarde.

Veja abaixo o comunicado na íntegra:

Cientistas encontram vetores da leishmaniose em gruta turística do interior de SP

Sobre a leishmaniose

A leishmaniose é uma das 25 doenças tropicais negligenciadas, conforme a classificação da ONU, sendo comum no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.

Dessa forma, é um problema de saúde que afeta pessoas e regiões mais vulneráveis do planeta. Entre 2021 e 2022, o estado de São Paulo registrou 61 casos de leishmaniose visceral (LV) e 140 casos de leishmaniose tegumentar (LT), segundo dados da Secretaria de Saúde.

Em geral, a doença causa febre, perda de peso, anemia, fraqueza, diarreia, tosse seca, aumento do volume abdominal. Em casos de leishmaniose visceral não diagnosticados no início da condição, a pessoa pode apresentar sangramentos, icterícia e diminuição da quantidade de urina eliminada por dia. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental.

Além dos cuidados de saneamento do município, a população e os turistas também devem tomar precauções. Para visitar as frutas ou qualquer local com incidência do inseto vetor de leishmaniose, especialistas recomendam o uso de proteção como botas, camisas de manga longa, calças e repelentes.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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