Ciência

Lista da ONU com 25 doenças negligenciadas é “puxão de orelha” no Brasil

30 de janeiro é o Dia das Doenças Tropicais Negligenciadas, data estabelecida pela ONU para chamar atenção e financiamento no mundo
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Desde 2021, todo dia 30 de janeiro é marcado como Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas. A data foi estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) como uma forma de dar visibilidade a problemas de saúde que afetam pessoas e regiões do planeta mais vulneráveis – e que, por isso, geralmente são esquecidas.

No total, são 25 doenças negligenciadas que compõem a lista da ONU. Elas afetam 1,6 bilhões de pessoas e são causadas por vírus, bactérias, fungos, parasitas e toxinas.

As 25 doenças negligenciadas no mundo

Entre as condições causadas por parasitas, está a Doença de Chagas, que pode causar problemas neurológicos, cardíacos e intestinais. Outra doença negligenciada parasitária é leishmaniose, que pode atingir a pele e também órgãos internos.

Há também a escabiose, que é uma infestação parasitária causada por pequenos ácaros que penetram na pele, e a esquistossomose, que é uma doença aguda e crônica contraída pelo contato com água contaminada. 

Além dessas e também causadas por parasitas ainda estão a dracunculíase, a equinococose, a trematodiases transmitidas por alimentos, a doença do sono, a elefantíase, a teníase (e cisticercose), a cegueira dos rios, o bicho de pé e a helmintíases.

Já entre as doenças negligenciadas causadas por bactérias estão a Hanseníase, que afeta pele e nervos periféricos, e a Úlcera de Buruli. Esta última é uma doença crônica debilitante, que afeta a pele e, às vezes, os ossos.

Na lista da ONU também entram as doenças causadas por fungos, como o micetoma, a esporotricose e a cromoblastomicose. Entre as condições causadas por vírus, entram doenças como a dengue, a raiva, a bouba e a tracoma.

Por fim, a lista também inclui o envenenamento por picada de cobra, a podoconiose, condição de inchaço nas pernas causados por exposição dos pés a solos ásperos, e a noma, que afeta a gengiva.

Situação do Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, 15 dessas condições são comuns no Brasil e afetam mais os estados do Norte e do Nordeste do país. 

Em geral, entre as doenças negligenciadas que atingem os brasileiros estão a dengue, a hanseníase, febre chikungunya, esquistossomose, filariose linfática, geo-helmintíases e oncocersose. Também entram na lista a tracoma, doença de Chagas, leishmanioses, raiva, hidatidose, escabiose (sarna), micetoma e cromoblastomicose.

No caso da hanseníase, por exemplo, o Brasil faz parte da lista de 23 países prioritários no combate à doença. Em 2022, o país registrou mais de 90% de todas as ocorrências da condição na América Latina.

Além disso, o órgão ressalta que as doenças parasitárias, a leishmaniose visceral e a raiva atingem tanto humanos quanto animais e são encontradas com frequência em toda a América do Sul.

Combate às mortes evitáveis

De acordo com a ONU, as doenças negligenciadas são responsáveis por milhares de mortes evitáveis ao ano. Além disso, causam também um grande impacto socioeconômico nos países tropicais que mais afetam.

Isso porque geram custos de milhões de dólares ao setor da saúde e causam perda de produtividade da população. Ainda assim, as condições listadas recebem pouca atenção e financiamento de governos para o seu combate.

Neste ano, a ONU pede que líderes de governo e comunidades em todo o mundo se unam. Assim, será possível enfrentar as desigualdades sociais, financeiras e sanitárias que impulsionam a propagação das doenças negligenciadas.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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